O uso de fungos entomopatogênicos, como o Metarhizium anisopliae, é uma realidade para o controle de diversas pragas no Brasil. Esse tipo de produto permite a perpetuação do fungo no ambiente, aumentando sua dispersão e a sobrevivência no campo.
No entanto, é fundamental que os produtores conheçam sua ação, assim como as pragas que podem ser combatidas com esse biológico.
A tecnologia de controle de pragas com bioprodutos precisa ser amplamente conhecida, para ser utilizada da melhor forma. Por isso, separamos os principais pontos sobre uso de Metarhizium anisopliae: para você não errar no manejo.
Índice
O que são fungos entomopatogênicos?
São microrganismos capazes de colonizar diversas espécies de pragas, causando sua morte, ou interferindo na alimentação e reprodução. Estão presentes em muitas culturas infectando pulgões, moscas brancas, cigarrinhas, besouros, tripes e ácaros pragas.
Esses fungos atuam principalmente infectando a praga e induzindo a redução da alimentação do hospedeiro. Assim, o inseto não consegue se desenvolver, seus movimentos ficam lentos, seu corpo incha e morre.
De forma geral, os fungos entomopatogênicos existem naturalmente na natureza. Mas seu uso vem crescendo através de aplicações por produtos biológicos formulados. São ótimos agentes de controle, com menor impacto ao meio ambiente, menor custo e alta eficiência. Utilizar fungos para controle de pragas é uma excelente alternativa de manejo.
Uma importante espécie de entomopatogênico é o Metarhizium anisopliae, vamos conferir mais sobre ele a seguir.
Qual a atuação do Metarhizium anisopliae
O fungo Metarhizium anisopliae é considerado um organismo benéfico, capaz de reduzir a população de uma praga. Ainda pode auxiliar em processos metabólicos das plantas. É um dos mais eficazes controladores biológicos principalmente no cultivo de cada de açúcar e pastagens.
O fungo age por contato, entretanto a morte do inseto se dá pela infecção generalizada causada pelo entomopatogênico. É um produto ideal para ser utilizado no manejo integrado de pragas e doenças (MIP), pois preserva os inimigos naturais e possui fácil associação com outros métodos de controle.
Durante a aplicação de M. anisopliae é necessário que alguns cuidados sejam tomados, confira:
- A aplicação deve ser realizada em dias com umidade relativa do ar superior a 60% e em dias nublados;
- Ter cuidado no armazenamento e transporte do fungo;
- Não expor ao sol ou ambientes muito quentes e com falta de ventilação;
- Não deixar a calda do produto preparada com mais de 4 horas antes da aplicação;
Imagem: Espécie de percevejo infectada por Metarhizium anisopliae
Fonte: Circuito da Pecuária.
Quais as pragas controladas pelo Metarhizium anisopliae?
O fungo Metarhizium anisopliae é considerado um inseticida microbiológico indicado para as seguintes espécies:
Deois flavopicta (cigarrinha-dos-capinzais)
O inseto apresenta coloração preta com duas faixas transversais amarelas nas asas. O abdômen e as pernas são vermelhas, o que caracteriza bem a espécie. Provocam danos em gramíneas forrageiras, mas também em milho safrinha, principalmente quando consorciado com braquiárias. Nas pastagens sugam a seiva da planta e injetam toxinas. Seu ataque deixa parte do pasto amarelado, caracterizando a “queima do pasto”.
Imagem: Adulto de Deois flavopicta, a cigarrinha das pastagens.
Fonte: Vinícius Rodrigues de Souza
Imagem: Pastagem com sintomas de ataque de Deois flavopicta,
Fonte: Embrapa
Mahanarva fimbriolata (cigarrinha-da-raiz)
O inseto apresenta coloração avermelhada nos machos e marrom nas fêmeas. São consideradas o grupo de insetos que causam os maiores danos na cultura da cana-de-açúcar. Seus danos podem causar severas perdas na produção. Podem também infestar cultivos como arroz, cana-de-açúcar, milho, sorgo e pastagens.
Sua infestação é identificada pela presença de uma espuma esbranquiçada, na base das touceiras. Os adultos ficam na parte aérea da planta, sugando os colmos. Ao succionarem a seiva da planta, transmitem toxinas que causam a queima das folhas.
Os sintomas mais comuns da infestação são estrias amarelas no limbo foliar, bordos enrolados e definhamento do colmo. Provocam perda de peso e redução na quantidade de açúcar, um grave problema para a indústria.
Imagem: Espuma característica da infestação de Mahanarva fimbriolata.
Fonte: Grupo Cultivar
Imagem: Macho e fêmea da cigarrinha-da-raiz.
Fonte: Grupo Cultivar
Zulia entreriana (cigarrinha-da-raiz)
Mede cerca de 7 mm de comprimento, com coloração preta. Apresentam uma faixa transversal branca amarelada na asa, bastante característica da espécie. As ninfas causam danos menores quando sugam o perfilho.
Já os adultos causam sérios prejuízos às plantas. Quando sugam o colmo das plantas, injetam toxinas que prejudicam seu desenvolvimento. Os sintomas aparecem com aspecto de queima e coloração amarelada.
Imagem: Adulto de Deois flavopicta, a cigarrinha das pastagens.
Fonte: Vinícius Rodrigues de Souza
Leonardo é formado em Administração com ênfase em Agronegócios pela Universidade Estadual Paulista – “Júlio de Mesquita Filho”. Atualmente é aluno do MBA de Agronegócios da ESALQ/USP. Trabalha como Analista de Operações da Gênica – Inovação Biotecnológica.