Café: manejo nutricional via folha

O fornecimento de nutrientes pelas folhas de café é uma prática de adubação caracterizada por sua rápida absorção em comparação à absorção radicular. Por esse motivo, é muito utilizada como complemento à adubação via solo, em especial no fornecimento de micronutrientes cuja aplicação via solo não é tão eficiente em comparação à aplicação foliar.

As deficiências de micronutrientes na planta, apesar de serem requeridos em baixas quantidades,  podem causar grandes perdas na produção e/ou na qualidade dos frutos (FERREIRA et al., 2001).

Ao longo deste texto discutiremos os princípios da adubação foliar, quais os nutrientes mais utilizados na adubação foliar na lavoura de café e suas fontes, as doses desses nutrientes, os fatores que afetam sua eficiência e as recomendações e contraindicações de aplicação.

Índice

Princípios da adubação foliar no café

Apesar das raízes ainda serem o principal órgão da planta para a obtenção de nutrientes no meio e as folhas terem-se especializado no armazenamento de clorofila e enzimas próprias necessárias à fotossíntese, Malavolta (2006) comenta que a capacidade de absorção por meio das folhas é uma herança dos primórdios da história das plantas, quando ainda se encontravam em meio aquático, de onde obtinham seus nutrientes por meio das mesmas estruturas responsáveis pela fotossíntese e absorção de água. Em complemento, de acordo com Taiz & Zeiger (2009), grande parte das espécies vegetais é capaz de absorver nutrientes minerais por meio de suas folhas.

As portas de entrada para os solutos pela folha são, majoritariamente, a cutícula e os estômatos, mas essa entrada possui alguns obstáculos. A primeira barreira é a cutícula, composta por uma camada cerosa (hidrofóbica) mais externa, e por uma camada de cutina (mais hidrofílica) mais interna (RENA & FÁVARO, 2000). Após essa barreira, o soluto deve passar pelo plasmalema e, por último, pelo simplasto, onde, depois, ficará disponível à planta.

image - Café: manejo nutricional via folha
Figura 1 – Penetração de nutrientes via foliar.
Fonte: Tezotto (2024).

Para Faquin (2005), a adubação foliar pode ocorrer em quatro situações:

Adubação foliar corretiva: corrigir deficiências nutricionais durante o ciclo da cultura, aproveitando-se da rápida resposta da adubação foliar. Por exemplo, para alguns nutrientes como Boro e Zinco, sua deficiência pode se fazer evidente apenas em períodos mais tardios do desenvolvimento da cultura. Nessas situações, com a cultura já estabelecida, a adubação foliar é uma ferramenta interessante.

Adubação foliar preventiva: é realizada quando um nutriente não está na concentração ideal e sua aplicação via solo não é eficiente, como o Zinco, cuja fonte mais comum – cloreto de zinco – tem baixa mobilidade no solo.

Adubação foliar complementar: é um complemento à adubação via solo, quando parte é realizada via solo e o restante via foliar, como no caso do Zinco.

Adubação foliar suplementar: nesse caso a adubação é realizada como um investimento a mais, buscando altas produtividades e/ou qualidade de produto

A aplicação foliar de micronutrientes possui vantagens e desvantagens quanto ao fornecimento por fontes via solo, nomeadamente as vantagens são a alta eficiência de utilização desses nutrientes pelas plantas, as doses totais menores (em geral) e a rápida resposta à adubação por parte das plantas, possibilitando a correção de deficiências mesmo após o seu aparecimento (VOLKWEISS, 1991). Rena & Fávaro (2000) destacam a eficiência superior no fornecimento de Zinco (Zn) por meio desse manejo; as desvantagens, entretanto, estão entre seu menor efeito residual quando comparado às fontes aplicadas no solo, a incompatibilidade entre alguns produtos e o possível aumento nos custos de produção.

Macronutrientes

Apesar de possível, a substituição total do fornecimento via solo de macronutrientes por adubação foliar não se mostrou viável em estudos realizados por Camargo e Silva (1990). Dentre os fatores que tornam o processo inviável estão a alta necessidade de exigência desses nutrientes pelas plantas e o custo elevado com as várias entradas na lavoura para a pulverização.

Além disso, são vários os fatores que influenciam no sucesso da absorção de nutrientes pela folha, como o espalhamento do produto, a solubilidade do fertilizante, o tempo que a gota permanece sobre a folha (influenciado por temperatura, radiação solar e umidade, por exemplo) e a própria morfologia e composição da folha. Tratando-se de macronutrientes, quaisquer fatores que impactam negativamente na absorção via folha podem trazer prejuízos no crescimento e desenvolvimento da planta e, por fim, reduzir a produtividade da lavoura (TEZOTTO, 2024).

Contudo, é comum a prática de adubação de macronutrientes via folha na cultura do café entre viveiristas para o crescimento de mudas, mais especificamente os fertilizantes nitrogenados, que visam garantir um melhor crescimento e desenvolvimento inicial. A pulverização, neste caso, já pode ser iniciada a partir do aparecimento do primeiro par de folhas, utilizando-se 1 a 2g de ureia, ou 2 a 4g de sulfato de amônio, por litro de água, com intervalos entre as aplicações de 15 dias em média (VERDIN FILHO et al., 2013).

Micronutrientes

Como mencionado anteriormente, os micronutrientes são o foco principal das adubações foliares. No caso de lavouras de café, os micronutrientes mais limitantes para sua produção são o boro, zinco, cobre e manganês. Além da sua participação na divisão e crescimento celular, o boro atua no desenvolvimento dos órgãos reprodutivos da planta, determinando o sucesso da fecundação e reduzindo o abortamento. O zinco atua no processo de formação de hormônios responsáveis pelo crescimento da parte aérea da planta, especialmente relevante nas áreas mais jovens. O cobre é catalisador em processos de respiração e oxidação, influenciando diretamente na formação de folhas novas e na proteção de doenças. O manganês evita problemas com a folhagem da lavoura de café ao atuar na síntese da clorofila e de proteínas e no controle hormonal.

Comumente, as deficiências mais observadas são as de boro e zinco, enquanto algumas regiões apresentam mais deficiência de manganês. A deficiência de cobre, por sua vez, é menos observada em razão do uso frequente de fungicidas cúpricos na cultura.

Velocidade de absorção de nutrientes no café

A absorção de nutrientes pelas folhas, como já mencionado anteriormente, não é a função principal das folhas, apesar destas conseguirem realizar esse processo. Por essa razão, quando pensamos em adubação foliar, um dos aspectos a se considerar é o tempo de absorção de cada nutriente.

Para isso, é preciso compreender que as folhas podem realizar a absorção de nutrientes de duas formas: passiva (por penetração cuticular) e ativa (absorção celular). Na fase passiva o nutriente atravessa a camada cerosa (cutícula) da folha e alcança o interior da célula em um processo rápido e não metabólico, enquanto a absorção ativa ocorre contra um gradiente de concentração, exigindo um consumo de ATP para que o elemento atravesse a membrana plasmática, atingindo o citoplasma, para ser posteriormente acumulado no vacúolo ou transportado para outras partes da planta (ROSELEM, 2002).

Vale mencionar que a velocidade de absorção é dependente de uma série de fatores, que podem ser associados à planta, ao meio ou à solução aplicada.

NutrienteTempo para 50% de absorção total
Nitrogênio – Uréia CO(NH2)20,5 a 36 horas
Fósforo – H2PO41 a 15 dias
Potássio – K+1 a 4 dias
Cálcio – Ca2+10 a 96 horas
Magnésio – Mg2+10 a 24 horas
Enxofre – SO42-5 a 10 dias
Cloro – Cl1 a 4 dias
Ferro – Fe EDTA10 a 20 dias
Manganês – Mn2+1 a 2 dias
Molibdênio – MoO42-10 a 20 dias
Zinco – Zn2+1 a 2 dias
Fonte: Adaptado de Malavolta (1980).

Fatores que influenciam na absorção dos fertilizantes foliares no café

Para obter uma adubação de sucesso no café com a máxima resposta da planta e o menor consumo de produto possível, é preciso entender quais são as situações mais adequadas para a pulverização e absorção da planta, como formular a calda e quais produtos utilizar em determinada situação. Aqui elencaremos alguns dos fatores de influência, comentando brevemente sobre alguns deles.

Superfície foliar: a região abaxial da folha concentra a maior parte dos estômatos da folha e possui uma cutícula mais fina do que a face adaxial. Por essa razão, é interessante que a pulverização atinja a parte de baixo das folhas, favorecendo a absorção pelos estômatos, por isso, a recomendação para a pulverização é que seja realizada de baixo para cima. O grau de hidratação das folhas também determina o sucesso da absorção, uma vez que cutículas bem hidratadas são mais permeáveis à solução, enquanto cutículas mais desidratadas são mais impermeáveis (VERDIN FILHO, 2013).

Idade da folha: as folhas jovens do café, em razão de suas cutículas mais finas e da maior atividade metabólica, absorvem os nutrientes em níveis maiores do que folhas mais velhas. Porém, sua retenção de nutrientes para o seu desenvolvimento também é maior, o que afeta a redistribuição para outros órgãos da planta (FOURNIER, 1988 apud VERDIN FILHO, 2013).

Estado iônico interno: o estado iônico interno diz respeito à quantidade de íons presentes na planta do café, ou, nesse caso, o estado nutricional da planta. A absorção será maior em plantas que estão em deficiência de determinados nutrientes (VERDIN FILHO, 2013).

Recobrimento uniforme com película fina sobre a folha: a pulverização ideal resulta na deposição de uma fina e uniforme camada da solução sobre o maior número possível de folhas do café, sem que ocorra escorrimento. Pulverizações com gotas muito grandes podem acarretar em desperdício do produto e diminuição dos resultados esperados, enquanto gotas muito finas podem perder sua eficiência em razão da deriva (VERDIN FILHO, 2013).

Molhabilidade foliar: a penetração eficiente do nutriente necessita que a folha do café esteja molhada. Para isso, os surfactantes (ou agentes molhantes ou adesivos) são utilizados e têm como objetivo romper a tensão superficial da gotícula e da cutícula, promovendo um maior molhamento da superfície foliar além de reduzir a evaporação da água da solução e possuírem um alto poder de penetração (VERDIN FILHO, 2013). Esses agentes adjuvantes podem ser caracterizados como (i) surfactantes, que podem aumentar o espalhamento na superfície da folha (espalhante), retardar a evaporação da água (molhantes/umectantes), aumentar a aderência do produto pulverizado à superfície das folhas (aderente), reduzir a aglomeração entre as partículas (dispersante) e removendo sujeiras sobre a folha (detergente), ou (ii) aditivos, que atuam na cutícula da folha aumentando a absorção do nutriente (podem ser óleos, sulfato de amônio e ureia).

image 1 - Café: manejo nutricional via folha
Figura – Ação dos adjuvantes sobre a gotícula.
Fonte: Rehagro.

Temperatura e umidade do ar: esses fatores impactam diretamente no tempo em que a solução aplicada irá secar. Consequentemente, condições de temperaturas mais amenas e umidade relativa alta favorecem a absorção foliar por reduzirem a evaporação da água da solução e mantendo a folha molhada por mais tempo. Além disso, a temperatura impacta negativamente na absorção de nutrientes via foliar porque, com o murchamento das folhas, ocorre o fechamento dos estômatos, que já indicamos anteriormente como uma das principais vias de acesso desses nutrientes (VERDIN FILHO, 2013).

Composição da solução: Cada nutriente possui suas características físico-químicas próprias, e sua absorção está sujeita a ser aumentada ou diminuída por outros agentes na própria solução. Por exemplo, o cobre concorre com a absorção de zinco, podendo reduzir a absorção do último em 50%, mas pode ser corrigida aumentando-se a concentração de zinco da solução de 0,5% para 0,8 ou 1% da concentração de sulfato de zinco (FAQUIN, 2005).

Tempo de contato: quanto mais tempo a solução estiver sobre a folha do café, maior é a absorção. Mais uma vez reforça-se a importância dos surfactantes para o aumento da eficiência da operação (VERDIN FILHO, 2013).

Institucional - Café: manejo nutricional via folha

Como realizar uma boa pulverização no café?

Considerando o que já foi apresentado, por fim podemos elencar as melhores práticas para uma adubação foliar de sucesso no café, bem como quais práticas devem ser evitadas.

Na tabela abaixo é possível visualizar algumas das fontes mais comuns de fertilizantes foliares utilizados no país acompanhadas de suas garantias mínimas e se são ou não solúveis em água:

NutrienteFertilizanteGarantia mínima (concentração do elemento)Solubilidade em água
BoroBórax11%Solúvel
Ácido bórico17%Solúvel
ZincoSulfato de Zinco20%Solúvel
Óxido50%Insolúvel
Quelato7%Solúvel
CobreSulfato13%Solúvel
Óxido cúprico75%Insolúvel
Quelato5%Solúvel
ManganêsSulfato manganoso26%Solúvel
Óxido manganoso41%Insolúvel
Quelato5%Solúvel
Fonte: Adaptado de RAIJ et al. (1996)

É importante relembrar que a compatibilidade entre os produtos deve ser analisada antes da mistura no tanque de pulverização, para evitar situações de inibição por competição como no caso do Cu e Zn, por exemplo. O cloreto de potássio aumenta a absorção de Zn. O bórax não deve ser misturado ao sulfato de zinco, podendo ser substituído por ácido bórico (VERDIN FILHO, 2013).

É muito comum o uso de produtos quelatizados, que por meio de ligações coordenadas estáveis protegem os nutrientes contrarreações químicas indesejáveis até que ocorra a absorção (VERDIN FILHO, 2013).

As condições do ambiente também têm grande impacto na eficácia da operação. Em concordância com o que foi citado anteriormente quanto a umidade do ar e temperatura, as condições mais favoráveis para a aplicação desses nutrientes se dão às manhãs e aos finais de tarde (VERDIN FILHO, 2013).

Não é recomendada a aplicação em situações com ventos com velocidades maiores que 10 km h-1, assim como não deve ser feito quando não houver vento ou ocorrendo inversão térmica (VERDIN FILHO, 2013).

Quanto à época em que deve ser realizada a adubação, recomenda-se nas fases de pré, pós-floração, desenvolvimento e enchimento dos grãos, períodos esses de maior exigência nutricional sustentando o crescimento vegetativo e reprodutivo da planta (VERDIN FILHO, 2013).

Para a tecnologia de aplicação, a pulverização tanto na parte superior quanto na parte inferior (adaxial e abaxial, respectivamente) é mais uma prática que aumenta a eficiência de absorção (VERDIN FILHO, 2013). Os bicos e a pressão do pulverizador devem ser adequados à operação, evitando gotas grandes ou pequenas demais que acarretam em desperdício do produto. Os adjuvantes, já comentados, são também de enorme importância para aumentar o aproveitamento dos produtos.

Conclusão

A adubação foliar é mais uma ferramenta para ser utilizada pelo produtor para construir plantas mais eficientes no ambiente produtivo. A possibilidade de fornecimento dos nutrientes – em gramas de nutrientes dentro da planta ao invés de gramas por hectare – diretamente via folha se mostra como uma ótima alternativa para suprir as necessidades nutricionais da planta do café em momentos específicos que definem o seu potencial produtivo ou a qualidade do produto de maneira rápida.

Para que a prática seja realizada com sucesso é indispensável a análise do tecido foliar para detectar as deficiências a serem corrigidas.

Vale reforçar que esse manejo não é substitutivo da adubação via solo, mas uma ferramenta complementar que pode aumentar a rentabilidade e a sustentabilidade da cultura do café.

Referências bibliográficas

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