Semeadura da soja: quais aspectos levar em consideração?

Atualmente a busca por altas produtividades a cada safra na cultura soja é um desafio para todos produtores em todo Brasil. Entretanto, nem sempre exploramos todo teto produtivo da cultivar devido a não darmos correta atenção a alguns pontos primordiais no principal manejo da lavoura, a sua semeadura da soja. Você sabe quais aspectos devemos levar em consideração?

O planejamento dos insumos a serem utilizados pelo produtor faz parte de um contexto envolvendo todos custos de produção. A aquisição de sementes representa cerca de 7,85% (CONAB, 2016) de todo custo de produção da cultura da soja. Sendo assim, o posicionamento correto destas sementes buscando atingir o máximo deste potencial produtivo resultará em maior rentabilidade ao produtor.

No artigo de hoje elaborado pelo AgroInovador Rafael Albertim, o tema discutido será a respeito da semeadura e os principais aspectos que devemos levar em consideração neste manejo, este que influenciará diretamente em aumento de produtividade no momento da colheita.

Índice

Planejamento do material genético e população de plantas

Nos materiais de soja presentes hoje no mercado temos diversas opções quanto a arquitetura, resistência/tolerância a fitopatógenos, tecnologias, entre outros. Contudo o ponto principal do material genético, no caso da soja, envolve o correto posicionamento quando ao grupo de maturação (GM) da cultivar em cada região agrícola brasileira. Este específico GM será alocado devido a soja ser responsiva ao fotoperíodo (horas de luz diária) presente em cada região do país.

Além do grupo de maturação, o posicionamento do material genético quanto a deposição de sementes no solo seria a recomendação de plantas por hectare ou alqueire.

A população de 400 mil plantas por hectare tem sido recomendada (Marcos Filho, 1986; Embrapa, 1993), embora outros fatores, como: região, época de semeadura, e cultivar utilizada, também influenciem a escolha da melhor população. Estes valores são recomendados para cada material pela empresa responsável pelo melhoramento genético realizado, e possuem algumas faixas de recomendação que devem ser seguidas buscando explorar ao máximo o potencial produtivo.

Esta população de plantas relaciona diretamente com a qualidade das sementes adquiridas, sendo pureza, germinação e vigor os principais aspectos que garantem esta qualidade de estabelecimento das plantas.

Outro fator relacionado diretamente a população da cultura é o espaçamento utilizado pelos produtores, sendo que no caso da soja o cultivo é feito em sua grande maioria a 45 cm ou 50 cm entre linha de plantio (ALVADI BALBINOT, 2019).

Confira no vídeo abaixo onde o pesquisador Alvaldi Balbinot da Embrapa Soja, discorre sobre mais informações técnicas sobre o espaçamento na cultura da soja, ponto que vem apresentando muitas discussões por pesquisadores e agricultores do setor.

Fonte: Embrapa Soja

Semente de alta qualidade para semeadura da soja

O segundo aspecto que devemos levar em consideração no momento da semeadura, mas não menos importante, é a escolha de uma semente de qualidade.

Como citado no tópico da qualidade na formação de populações por hectare, a base para atingirmos este objetivo inicia-se com a obtenção de uma semente com alta qualidade fisiológica.

A qualidade fisiológica garantirá uma boa germinação do embrião presente na semente e o vigor destas plantas no início das culturas, momento em que temos um período crítico de enraizamento da cultura.

Estas sementes podem ser adquiridas de marcas comerciais ou produzidas pelo próprio produtor, buscando sempre aquisição de sementes certificadas garantindo bons resultados.

Vale ressaltar neste tópico a prática do tratamento de sementes (TS). Este manejo será muito eficiente em ajudar a reduzir as perdas desse potencial produtivo presente em cada semente depositada ao solo na semeadura, presando sempre pela utilização de insumos dentro do manejo integrado de pragas e doenças.

Fonte: Bayer

Dessecação pré-semeadura da soja

Atualmente adoção da prática do sistema de plantio direto (SPD) em grande parte da área produtiva do país, tem como um de seus pilares o não revolvimento do solo, ou seja, o plantio é feito sobre a palha da cultura anterior. Em casos onde o manejo mecânico do solo não é realizado, o controle de plantas daninhas necessita ser realizado por meio de herbicidas.

Este cenário de plantio após a entre-safra necessita em grande maioria da dessecação com herbicidas nas áreas visando o controle de plantas daninhas. A importância deste manejo visa proporcionar a cultura uma dianteira competitiva no estabelecimento, como também a dessecação desse material vegetal presente ainda verde possibilitando um bom desenvolvimento da semeadora.

Regulagem da semeadora

A deposição das sementes no solo é realizada pelos mecanismos de distribuição das semeadoras. Estes mecanismos podem ser formados de diversas formas, seja com acionamento mecânico, elétrico, entre outras tecnologias presentes no mercado.

O principal foco deste momento na semeadura é garantir que esta regulagem do implemento realize a distribuição em espaçamento correto entre as sementes, bem como a profundidade ideal para cada cultura, neste caso da soja geralmente ocorre entre 3 a 5 cm de profundidade (GASSEN, 2019) .

Durante este processo de deposição das sementes no solo por metro linear, pode correr a presença de sementes duplas, ou falhas. Ou seja, uma distribuição incorreta em relação a recomendação realizada, sendo um aspecto limitante deste potencial produtivo.

Na imagem abaixo temos a recomendação de 10 plantas por metro linear, o ideal seria a cada 10 cm de solo ocorrer a deposição de uma unidade de semente (2 linha). Contudo, muitas vezes essa distribuição é comprometida e acaba ocorrendo uma competição entre as plantas por água, luz e nutrientes (1 linha).

image 2 - Semeadura da soja: quais aspectos levar em consideração?
Fonte: SeedNews

No vídeo abaixo realizado pela Embrapa, temos uma apresentação técnica sobre a regulagem da semeadura no momento da semeadura.

Fonte: Embrapa

Velocidade da semeadura da soja

Após todo planejamento técnico-prático realizado até chegarmos no exato momento da semeadura, um dos principais fatores que acaba sendo prejudicial é a velocidade da semeadura.

A necessidade de semear cada vez mais em um curto espaço de tempo, tende aos produtores forçarem aumentar a velocidade das operações. Isto pois, a janela de plantio de cada região do país associado a grandes áreas a serem semeadas acabam resultando neste cenário. A janela de semeadura é pequena pois em grande maioria dos estados quanto mais a semeadura se concentra no final da janela recomendada o nosso teto produtivo reduz.

Outro fator que força o plantio ser realizado de forma rápida é o cultivo da segunda safra após a colheita da soja, também conhecida de safrinha. Esta prática é uma realidade hoje no cenário brasileiro mostrando a importância do “time” correto na semeadura.

Porém ressaltamos o cuidado destas variáveis quanto a eficiência de semeadura (hectares/hora) em relação a qualidade deste manejo.

image 3 - Semeadura da soja: quais aspectos levar em consideração?
Formação do “stand” de plantas x Velocidade de plantio.
Fonte: Dirceu Gassen

Para cada tipo de tecnologia utilizada na semeadura, temos na literatura uma recomendação de velocidades, sendo no caso de semeadoras a disco o recomendado da faixa de 4km/h até 6km/h. Em casos de maiores tecnologias por exemplo em semeadoras com tecnologia pneumática em boas condições de solo velocidades de 10 km/h a 12km/h.

Vale ressaltar que qualquer recomendação deve ser monitorada seu desempenho em cada talhão da fazenda, como também aferição se o “stand” de plantas por metro está sendo realizado de forma correta e com boa distribuição entre sementes.

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Referências

ALVADI BALBINOT (Paraná). Embrapa. Redução do espaçamento na cultura da soja: O ajuste no espaçamento da lavoura pode conferir ganhos expressivos de produtividade, sem grandes alterações nos custos de produção e nos impactos ambientais. Confira detalhes na entrevista do pesquisador Alvadi Antônio Balbinot Junior, da Embrapa Soja. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=WN2mbD46Z2k>. Acesso em: 10 set. 2019.

FRANCISCO CARLOS KRZYZANOWSKI. José de Barros França Neto. Ademir Assis Henning. A importância do uso de semente de soja de alta qualidade. 2010. Disponível em: <https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/661047/1/ID30537.pdf>. Acesso em: 15 set. 2019.

GASSEN, Dirceu. Uniformidade de Stand com Força Anti-stress. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=umo8mvcWJyA>. Acesso em: 15 set. 2019.

SCHUCH, Luis Osmar Braga; PESKE, Silmar Teichert. Falhas e Duplas na Produtividade. 2008. Disponível em: <https://seednews.com.br/edicoes/artigo/2461-falhas-e-duplos-na-produtividade-edicao-novembro-2008>. Acesso em: 16 set. 2019.

TOURINO, Maria Cristina Cavalheiro; REZENDE, Pedro Milanez de; SALVADOR, Nilson. Espaçamento, densidade e uniformidade de semeadura na produtividade e características agronômicas da soja. 2002. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/pab/v37n8/11666>. Acesso em: 15 set. 2019.

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