Estresse hídrico na cana: perguntas e respostas

O estresse hídrico no cultivo da cana-de-açúcar é responsável por, em média, 70% da variabilidade de produtividade do final da safra. Preocupante, certo? Nesse sentido, é essencial que o produtor agrícola entenda as necessidades hídricas da cultura, para reduzir as chances de perdas.

É fundamental buscar manejos e tecnologias que prezam pela produtividade, eficiência e custo-benefício. O produtor precisa estar preparado para a ocorrência de períodos de estresse hídrico, para que esteja preparado e garanta a rentabilidade da safra.

Índice

O que é estresse hídrico?

Imagine um cenário no qual o volume de água do solo não atende às necessidades hídricas das plantas. Neste caso, o desenvolvimento das plantas é afetado, principalmente na fase de crescimento. Assim ocorre o estresse hídrico que contribui para uma rápida resposta na morfologia da planta devido à dificuldade de absorção de água. Sua ocorrência impede as trocas gasosas das plantas pelos estômatos e reduz a capacidade fotossintética. 

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O estresse hídrico afeta diretamente a produtividade da cultura da cana-de-açúcar.
Foto: Agência Brasil

Quais as fases produtivas mais afetadas pelo estresse hídrico?

A necessidade hídrica do cultivo da cana de açúcar difere de acordo com as variedades cultivadas e o estágio do desenvolvimento do canavial. No geral, as fases mais afetadas são o perfilhamento e a fase inicial do vegetativo. 

Quando a falta de água ocorre nesses momentos debilitam o crescimento das raízes e colmos. É nessas estruturas onde fica o armazenamento do açúcar, o produto de maior interesse pelas indústrias.  Com o impacto da falta de água, as plantas podem acelerar sua maturação, gerando queda da produtividade, qualidade e prejuízos econômicos.

Qual a quantidade de ideal de água para garantir a produtividade?

O ideal é que a cana-de-açúcar disponha de água durante todas as fases do cultivo. A cultura tem necessidade hídrica em média de 1.500 a 2.500 mm de água, divididos de acordo com a demanda de seu crescimento. O consumo diário varia entre 2,0 e 6,00 mm de água nas principais regiões produtoras do país. É importante estar atento para as necessidades hídricas de cada variedade, pois esses valores variam de acordo com a variedade utilizada. 

Quando o volume de água no solo é considerado ideal, a cultura tem condições favoráveis ao seu pleno desenvolvimento. Variações bruscas nas precipitações ou períodos de escassez afetam diretamente o crescimento e desenvolvimento correto da área foliar. Esteja atento às necessidades hídricas do cultivo e garanta a produtividade!

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É necessário garantir a presença de água no solo em quantidade suficiente para o correto desenvolvimento da cana-de-açúcar.
Foto: Instituto Agronômico (IAC)

Como evitar o estresse hídrico no cultivo?

Algumas práticas de manejo e planejamento contribuem para amenizar ou evitar perdas por estresse hídrico na cultura. Uma das indicações é o uso de variedades mais resistentes a períodos de seca. 

Realizar sistema de plantio direto auxilia na retenção de umidade, por causa da presença da palhada no solo. Neste caso, ocorre uma maior disponibilidade de água para as plantas quando comparado com o plantio convencional. 

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O uso de tecnologias de irrigação proporciona a quantidade adequada de água para o desenvolvimento adequado da cana-de-açúcar.
Foto: Revista Cultivar

Conclusão

Nesse artigo, foi possível avaliar os principais danos que o estresse hídrico causa na cultura da cana-de-açúcar. A falta de água no cultivo afeta diretamente a produção de açúcar e sua qualidade. Vimos que a produtividade não é afetada somente pelo manejo, mas principalmente pelo déficit hídrico.  

É importante que o produtor busque garantir as condições adequadas para o desenvolvimento inicial da cana. Quando as raízes estão bem desenvolvidas, a planta aproveita melhor a água presente no solo. O uso de estratégias como o uso do sistema de irrigação também é uma tecnologia que deve ser explorada.

Referências

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