A identificação de nematoides na soja é a primeira etapa para tomada de decisão pois os nematoides são responsáveis por grandes perdas de produtividade. A soja no Brasil é uma das culturas de maior interesse econômico, na safra 2020/21 o país contou com mais de 38,5 milhões de hectares plantados, com produção de mais de 135 milhões de toneladas (Embrapa). É fundamental conhecer os principais nematoides para entender as diversas formas que podem causar os danos, como favorecer a entrada de outros patógenos, alteração na rizosfera, atuar como vetor de viroses e bactérias, entre outros danos.
Selecionamos as 4 principais espécies para facilitar na identificação de nematoides na soja, confira abaixo!
Índice
Nematoides de Galhas
Meloidogyne incognita e Meloidogyne javanica são nematoides fitopatogênicos que apresentam ampla distribuição geográfica e acarretam danos severos na cultura. Nas áreas com presença de nematoides de galhas, as manchas aparecem em reboleiras com as plantas em menor porte e de coloração amarelada. Se não há redução no porte da planta no vegetativo, pode ocasionar após o florescimento o abortamento de vagens. Nas horas mais quentes do dia, as plantas podem murchar.
Um aspecto característico são as folhas “carijó”, representada por manchas cloróticas ou necrose entre as nervuras. Em relação às raízes, as “galhas” são de fácil identificação no campo e bem características. Há uma grande multiplicação celular (hiperplasia), que implica no aumento das raízes, originando as galhas.
Na imagem à esquerda o sintoma característico, conhecido como “galhas” nas raízes da soja (University of Arkansas) e na imagem à direita, a formação de reboleiras na lavoura, com plantas de menor parte e amareladas (Soesp).
As fêmeas depositam seus ovos em um único local, gerando um aglomerado, que pode se formar em meio ao parênquima cortical ou na superfície da raíz. O tamanho e área afetada podem variar em função da severidade, infestação de nematoides e também da suscetibilidade da cultivar plantada.
Nematoide de Cisto da Soja
O nematoide do cisto da soja, ou Heterodera glycines, também está presente em grande parte do território nacional e tem a soja como sua principal cultura hospedeira.
Os sintomas aparecem em reboleiras e resultam em plantas de menor porte e clorose das folhas. Muitas vezes os sintomas podem não ser aparentes na parte aérea, apenas nas raízes da planta. Em áreas de menor fertilidade, os sintomas são mais evidentes.
O porte das raízes diminui drasticamente e os primeiros sinais aparecem 30-40 dias após a semeadura, com pequenas fêmeas do nematoide em formato arredondado com as extremidades alongadas e de coloração branca. Com o tempo, elas morrem e a estrutura fica rígida e de cor marrom.
A principal forma de disseminação é pelo transporte de solo infestado e sementes contaminadas.
A primeira imagem apresenta os cistos característicos do Heterodera glycines (Grupo Cultivar) e a direita, um cisto visto pelo microscópio, onde podemos visualizar os inúmeros ovos dentro dele (Agroscope).
Nematoide Reniforme
O Rotylenchulus reniformis inicialmente atacava principalmente a cultura da soja, e com o decorrer dos anos, a soja também se tornou um dos seus principais alvos. Os sintomas causado pelo R. reniformis é um pouco diferente dos sintomas causados por outros nematoides e podem ser confundidos com deficiência nutricional ou compactação do solo em alguns casos.
Os danos são caracterizados por desuniformidade na lavoura em áreas extensas. Não tem como sintoma característico a formação de galhas ou cistos, mas causa a redução das raízes por conta do parasitismo estabelecido.
Imagem em microscópio do Rotylenchulus reniformis (Agrolink) e os danos causados na raíz (Embrapa).
Nematoide das Lesões Radiculares
O Pratylenchus brachyurus tem grande facilidade de disseminação e os sintomas, bem como a intensidade, podem variar em função de alguns fatores, como a textura do solo.
Um aspecto importante para a identificação são reboleiras com plantas de porte reduzido e sem sinais de partes cloróticas ou necrose, elas continuam verdes. As raízes ficam escurecidas devido às toxinas injetadas no parênquima cortical.
Por si só, ele pode não ser tão danoso, mas sua patogenicidade está associada a presença de outros patógenos, como os fungos (Fusarium por exemplo).
Lesões aparentes causadas pelo Pratylenchus brachyurus (Grupo Cultivar) e plantas de menor porte sem sinais de folhas cloróticas (Mais Soja).
Controle
O primeiro passo é a correta identificação dos nematoides na soja e o nível de dano econômico que eles estão gerando. Para ler mais sobre o assunto, clique aqui.
O controle eficiente de nematoides está atrelado a várias práticas realizadas em conjunto na lavoura, desde rotação de culturas com espécies não hospedeiras, que é um dos manejos mais eficientes, até o controle microbiológico com Bacillus spp. que tem apresentado excelentes resultados. Saber mais sobre controle biológico de nematoides.
Fonte: Esalq Jr. Consultoria – adaptado de Inomoto et al. (2010)
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