Doenças do algodão: saiba quais são as principais e como controlá-las.

Um dos grandes desafios da cultura do algodoeiro é realizar a correta identificação dos sintomas das principais doenças. Ficar atento aos primeiros sintomas é essencial para realizar um controle das doenças do algodão eficiente e garantir a produtividade. 

Entretanto, nem sempre é uma tarefa fácil identificar as diferentes doenças. Muitas vezes os sintomas são semelhantes e podem confundir. Monitorar de forma constante e conhecer como atuam os principais patógenos auxilia o produtor na tomada de decisão.

Para facilitar esse manejo, separamos neste artigo três das principais doenças do cultivo do algodão. Conheça os sintomas e formas de controle. Confira!

Índice

Principais doenças do algodão

Mancha angular (Xanthomonas axonopodis pv. malvacearum)

A mancha angular do algodoeiro é uma doença provocada pela bactéria Xanthonomas axonopodis. Ocorre principalmente no momento da germinação e os sintomas surgem nas folhas, com manchas pardas. 

A disseminação ocorre entre uma região e outra principalmente através de sementes. No entanto, pode ocorrer em uma mesma área disseminada pelo vento, água, chuva, irrigação, implementos agrícolas e insetos. 

O sintoma inicial são lesões de coloração verde que progridem para pardas e necrosadas. As nervuras das folhas infectadas apresentam manchas angulares e as maçãs do algodão lesões arredondadas. Os danos também podem se espalhar pelo caule, ramos e sementes do algodoeiro.

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Sintomas de mancha angular na folha do algodão.
Fonte: Agrolink

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Fruto do algodoeiro com danos causados por Xanthonomas axonopodis.
Fonte: Agrolink

É uma bactéria bastante resistente à dessecação da terra e radiação solar. Pode sobreviver por vários anos dentro ou sobre as sementes ou em folhas e caules. Por isso, é importante ficar atento às recomendações de manejo: utilizar variedades resistentes; realizar rotação de culturas; tratar as sementes com ácido sulfúrico que reduz a infecção; e realizar o controle químico quando necessário. 

Doenças do Algodão: Mancha da ramulária (Ramularia areola)

É também conhecida como falso míldio, falso oídio ou mancha-branca. A doença é causada pelo fungo Ramularia aréola. No Brasil, ocorre de forma generalizada em todas as regiões produtoras de algodão. É considerada a principal doença do cultivo. 

Os sintomas iniciais ocorrem na fase reprodutiva, nas folhas mais velhas e na parte abaxial. Apresentam pequenas lesões anguladas delimitadas por nervuras. Quando a doença progride, as lesões progridem para a parte superior das folhas. 

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Sintomas da mancha da ramulária no algodão.
Fonte: Embrapa

Nas fases mais avançadas de infecção é possível observar manchas que se tornam necróticas. Todos esses danos comprometem o desenvolvimento das maçãs e reduzem a produtividade.

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Escala diagramática de avaliação da severidade da mancha de ramulária do algodoeiro.
Fonte: Aquino et al., 2008

A principal forma de controle da doença é através do uso de variedades resistentes e fungicidas. Além disso, rotação de culturas, utilização de menor número de plantas por hectare e maior espaçamento entre as linhas são medidas que auxiliam na redução da doença na área.

Mofo-branco (Sclerotinia sclerotiorum)

A doença é causada pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum, amplamente distribuído em todas as regiões temperadas, tropicais e subtropicais. Pode ocorrer em qualquer área, mas seu desenvolvimento é favorecido em áreas irrigadas após o plantio de soja e feijão. 

Os principais sintomas da doença são murcha, necrose e podridão úmida da haste, do pecíolo, da folha e maçã. O fungo ataca as folhas, hastes e maçãs da planta. Os tecidos da planta atacada apresentam cor amarelada e depois marrom. 

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Fruto do algodoeiro morto por Sclerotinia sclerotiorum.
Fonte: Dias et al. 2017

Com o avanço da doença o fungo cresce com aspecto cotonoso de coloração branca. Também ocorre a morte dos tecidos e consequentemente dos ramos. 

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Crescimento de mofo-branco em algodão. Na foto, é possível observar o aspecto cotonoso e branco característico do crescimento do fungo.
Fonte: Amipa

Algumas medidas de controle auxiliam no manejo do mofo-branco no algodoeiro: uso de sementes sadias; uso de variedade com porte ereto, que desfavorece a formação de um microclima favorável ao desenvolvimento do fungo; aplicação de fungicidas; rotação de culturas com espécies não hospedeiras.

Em áreas que apresentem histórico da ocorrência de S. sclerotiorum, um menor adensamento da cultura pode ser adotado no momento da implantação. O manejo promove maior aeração entre as plantas, o que desfavorece o crescimento do fungo. 

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Outra ferramenta de controle é o uso do fungo benéfico Trichoderma spp. que pode ser utilizado no tratamento de sementes ou com pulverização em área total. Sua ação reduz ou elimina o uso de fungicidas químicos, pois é biocontrolador de patógenos do solo. 

Conclusão

As doenças podem interferir na produtividade e qualidade das fibras do algodão. Por isso, é fundamental monitorar a área durante todo o cultivo. Detectar a presença dos primeiros sintomas e qual a doença auxilia em um manejo mais assertivo. 

Outro ponto fundamental é estar sempre atento às condições que favorecem o desenvolvimento do fungo. Assim é possível prever a ocorrência de infestações. A prevenção é sempre a melhor forma de evitar contaminação com patógenos. Siga as recomendações destacadas neste artigo e procure ajuda de um técnico agrícola sempre que necessário.

Referências

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