Pragas exóticas do Eucalipto no Brasil: Saiba quais são as principais

O plantio de eucalipto é um dos melhores projetos do agronegócio brasileiro. Conforme a área de plantio aumenta, os problemas relacionados às pragas também aumentam. Além das pragas nativas, as pragas exóticas do Eucalipto também representam uma grande ameaça, sendo essas pragas já introduzidas no Brasil, ou mesmo aquelas que ainda não entraram denominadas de Pragas Quarentenárias Ausentes, e sua definição é baseada na análise de risco de pragas.

Dentre o complexo de pragas exóticas introduzidas no Brasil destacam-se: o gorgulho-do-eucalipto (Gonipterus platensis e G. pulverulentus); a broca-do-eucalipto (Phoracantha semipunctata e P. recurva), os psilídeos-de-ponteiro (Ctenarytaina spatulata, C. eucalypti e Blastopsylla accidentalis), o psilídeo-de-concha (Glycaspis brimblecombei), o ácaro-do-eucalipto (Rhombacus eucalypti), a microvespa-do-citriodora (Epichrysocharis burwelli), a vespa-da-galha (Leptocybe invasa) e o percevejo-bronzeado (Thaumastocoris peregrinus).

Índice

Gorgulho-do-eucalipto (Gonipterus platensis e G. pulverulentus)

São besouros curculionídeos do gênero Gonipterus (Coleptera: Curculionidae) que causam desfolhamento, devido à alimentação de larvas e adultos, principalmente em plantios novos.

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Gorgulho-do-eucalipto (Gonipterus platensis e G. pulverulentus)
Fonte: Agrolink

Os adultos de G. platensis, que é a espécie predominante e com maior importância no Brasil, apresentam rostro curto (parte do aparelho bucal), coloração geral castanho escura, com revestimento escamoso, e medem cerca de 5,7 a 9,4 mm. Os adultos de G. pulverulentus são caracterizados pelo tegumento castanho-claro; o corpo é densamente revestido por escamas curtas e nos élitros (asas) há uma faixa mediana, transversal, de escamas pouco mais alongadas e claras, medindo entre 7,0 a 9,2 mm.

As larvas desses insetos são ápodas, com cabeça de coloração escura retraída sobre o tórax, corpo de coloração amarelo-creme, e no caso de G. platensis há a presença de três faixas longitudinais verde-escuras e medem cerca de 7,0 a 11,0 mm.

Pragas exóticas do Eucalipto no Brasil: Broca-do-eucalipto (Phoracantha semipunctata e P. recurva)

São besouros da família Cerambycidae, cujos danos são caracterizados por folhas que ficam amareladas, aparecendo também brotações laterais na base e brotações subapicais, presença de exsudações e galerias ao longo do tronco feito pelas larvas e, dependendo do nível de infestação, leva a planta à morte.

O adulto de P. semipunctata mede de 16-30 mm, com coloração marrom-avermelhada, manchas claras na região mediana dos élitros e manchas negras em forma de U invertido. No macho, as antenas são mais longas que o comprimento do corpo. Os adultos de P. recurva apresentam uma coloração predominantemente amarelada na parte basal dos élitros com manchas negras reduzidas e pêlos densos nos segmentos das antenas.

As larvas são amarelas e ápodes, desenvolvidas na região cefálica e apresentam uma forma robusta, achatada dorso-ventralmente e pode atingir cerca de 32 mm de comprimento.

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 Broca-do-eucalipto (Phoracantha semipunctata e P. recurva)
Fonte: EcoRegistros

Psilídeos-de-ponteiro (Ctenarytaina spatulata, C. eucalypti e Blastopsylla accidentalis)

São insetos hemípteros minúsculos (1-2 mm de comprimento) sugadores de seiva, que se assemelham a pequenas cigarras. Podem causar encarquilhamento das folhas e morte das ponteiras, formação de galhas e envassouramento.

Dificulta a fotossíntese através da fumagina, provocada por substância açucarada eliminada pelo inseto que favorece o crescimento de fungos, e também apresenta excrementos semelhantes ao algodão.

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Psilídeos-de-ponteiro – Ctenarytaina spatulata
Fonte: Embrapa

Os adultos possuem pernas saltadoras, antenas relativamente largas e as fêmeas são ligeiramente maiores que os machos. A cabeça é larga com olhos arredondados, de cor marrom escura. Apresentam o tórax arredondado, com dois pares de asas membranosas, brancas acinzentadas e transparentes que, normalmente, permanecem dobradas sobre o corpo (como um telhado).

A Coloração do corpo é marrom-amarelada (C. spatulata), marrom escura (C. eucalypti) ou amarelo-esverdeada (B. accidentalis). As ninfas (fase jovem) são de coloração amarelo palha, com olhos avermelhados e pernas engrossadas. Possuem pêlos espalhados na borda do abdômen. 

Pragas exóticas do Eucalipto no Brasil: Psilídeo-de-concha (Glycaspis brimblecombei)

Essa espécie tem preferência alimentar por brotações e folhas novas e sua fase jovem (ninfas) costuma se fixar próximo as nervuras foliares. Sua infestação é facilmente reconhecida, por causa da secreção açucarada em forma de concha sobre as ninfas, que basicamente tem função de proteção contra os possíveis predadores.

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Psilídeo-de-concha (Glycaspis brimblecombei)
Fonte: EcoRegistros

Ácaro-do-eucalipto (Rhombacus eucalypti)

Estes ácaros atacam somente plantas do gênero Eucalyptus, causando necrose e bronzeamento em folhas novas de algumas espécies de eucalipto. Possuem hábito de vida livre (ambulante), sendo observado em ambos os lados das folhas, principalmente nos pecíolos e na superfície inferior das folhas.

Microvespa-do-citriodora (Epichrysocharis burwelli) (Hymenoptera: Eulophidae)

A única planta hospedeira detectada até o momento é Corymbia citriodora (denominada antigamente por Eucalyptus citriodora), com a finalidade de produção de óleos essenciais. São insetos muito pequenos (cerca de 0,5 mm de comprimento), que podem ser observados a olho nú sobre as folhas novas de ramos laterais. Possuem coloração marrom-escura ou preta, com a cabeça mais clara, tendendo para marrom-amarelada e com antenas amarelo-palha. 

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Microvespa-do-citriodora (Epichrysocharis burwelli)
Fonte: Embrapa

Os danos são caracterizados inicialmente por pequenas galhas globosas, coloração inicialmente verde, mudando para cinza-claro e depois marrom, após a emergência dos adultos.  Essas galhas funcionam como porta para a entrada de patógenos que aumentam a necrose do limbo foliar, o que provoca a deiscência precoce das folhas. Nesses locais, as vesículas de óleo desaparecem completamente comprometendo a produção de óleo essencial (30 a 80%).

Pragas exóticas do Eucalipto no Brasil: Vespa-de-galha-do-eucalipto (Leptocybe invasa)

Provoca redução de crescimento de mudas e árvores, devido às galhas que surgem logo após o inseto ovipositar nas gemas apicais.  Essas galhas causam deformação das folhas, quando presentes na nervura central e pecíolo, e desfolha e secamento de ponteiros, quando presentes nos ramos mais finos.

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Vespa-de-galha-do-eucalipto (Leptocybe invasa)
Fonte: Agrolink

  O adulto é uma minúscula vespa de coloração marrom escuro brilhante e mede 1,2 mm de comprimento. São conhecidas apenas fêmeas, que dão origem a novas fêmeas, sendo, portanto, um inseto partenogenético.

Percevejo bronzeado Thaumastocoris peregrinus (Hemiptera: Thaumastocoridae)

Inseto sugador, que se alimenta de folhas maduras de várias espécies e clones de eucalipto, causando alteração na coloração da copa das árvores (bronzeamento), desfolha parcial ou total e, eventualmente, a morte de árvores.

O adulto tem aproximadamente 3 mm de comprimento, corpo achatado, cor marrom claro e tipicamente gregário. Os ovos são de cor preta e normalmente são encontrados agregados nas irregularidades das folhas (assemelhando a manchas enegrecidas) que contribuem para o reconhecimento das plantas atacadas.

Thaumastocoris peregrinus San Fernando Valley 2016 06 08 %282%29 - Pragas exóticas do Eucalipto no Brasil: Saiba quais são as principais
Percevejo bronzeado Thaumastocoris peregrinus
Fonte: Wikipédia

Com isso, percebe-se que o problema de pragas é muito dinâmico e depende de fatores ambientais, da localização das áreas plantadas, de materiais genéticos utilizados para os diferentes fins, do tipo de manejo da cultura etc. Desta forma, o monitoramento de áreas florestais deve ser constante, com o objetivo de identificar os problemas com antecedência, contribuindo assim para uma melhor gestão dos riscos de pragas e um  planejamento mais eficaz das medidas de controle.

Referências:

BARBOSA, L. R.; QUEIROZ, D. L. de; NICKELE, M. A.; QUEIROZ, E. C. de; REIS FILHO, W.; IEDE, E.T.; PENTEADO, S. do R. C. Pragas de eucaliptos. In: OLIVEIRA, E. B. de; PINTO JUNIOR, J. E. (Ed.). O eucalipto e a Embrapa: quatro décadas de pesquisa e desenvolvimento. Brasília, DF: Embrapa, 2021. cap. 19.

SANTOS, G. P.; Zanuncio, J. C.; Zanuncio, T. V.; Pires, E. M. Pragas do Eucalipto. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.29, n.242, p. 43-64, jan./fev. 2008.

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