Fenologia da soja: identificação importância para a lavoura

A fenologia representa o ramo da botânica que desenvolve estudos acerca do desenvolvimento das plantas, como a soja, por meio de suas etapas, sendo a fase vegetativa e reprodutiva. Essas fases são delimitadas por estádios, nome dado a cada período de desenvolvimento da planta, que são atrelados à aspectos fisiológicos da planta, permitindo a padronização dos momentos de crescimento e reprodução de diversas plantas cultivadas.

A soja apresenta como padrão fenológico o modelo estabelecido por Fehr e Caviness (1977), que dividem o desenvolvimento da planta em duas principais fases: a vegetativa (V) e a reprodutiva (R), seguindo uma escala alfanumérica.

As escalas estabelecidas tem muita importância no manejo pois ditam os momentos de tomada de decisão, aplicadas à “idade fisiológica” da planta, e não à cronologia de tempo, tendo em vista as diferenças no tempo de desenvolvimento dentre as diversas cultivares.

O modelo supracitado, criado por Fehr e Caviness (1977), sofreu alterações com o desenvolvimento do estudo fisiológico das plantas, com novas subdivisões que propiciam maior assertividade na representação e no manejo da cultura.

Índice

Estádios vegetativos da soja

Os estádios vegetativos representam o período de desenvolvimento vegetativo das plantas, ou seja, o período entre a emergência das plântulas e a emissão do último trifólio da soja. É válido ressaltar que, devido aos diferentes hábitos de crescimento da planta – como o determinado (o reprodutivo não ocorre simultaneamente ao vegetativo) e indeterminado (reprodutivo ocorre simultaneamente ao vegetativo – não se pode afirmar que o vegetativo ocorre até o início do período reprodutivo).

Os estádios vegetativos estão elencados na Tabela 1.

Estádios
Descrição
NomenclaturaDenominação
VeEmergênciaOs cotilédones estão acima da superfície do solo
VcCotilédone desenvolvidoCotilédones totalmente abertos
V1Primeiro nóAs folhas unifolioladas estão completamente abertas
V2Segundo nóPrimeira trifólio completamente desenvolvido
V3Terceiro nóSegundo trifólio completamente desenvolvido
VnEnésimo nó“Enésimo” nó da haste principal com trifólio completamente desenvolvido
Tabela 1 – Estádios de desenvolvimento vegetativo.
Fonte: Adaptado de Fehr e Caviness (1977).

O desenvolvimento completo do trifólio pode ser determinado quando os bordos das folhas que compõem o trifólio não se tocam mais, como observado nas imagens abaixo.

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Figura 1 – Emergência das plântulas da soja (Ve).
Disponível em: https://universo.agrogalaxy.com.br/2021/09/10/fases-fenologicas-da-soja/.
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Figura 2 – Cotilédones da soja completamente desenvolvidos.
Fonte: Norman Neumaier.
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Figura 3 – Estádio V1 da soja.
Fonte: Iowa State University.
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Figura 4 – Estádio V2 da soja.
Fonte: Iowa State University.
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Figura 5 – Estádio V4 da soja.
Disponível em: https://blog.sensix.ag/soja-estadios-fenologicos-e-praticas-de-manejo/.

Estádios reprodutivos da soja

O período reprodutivo representa um dos momentos críticos da produção de soja, tendo em vista que, para a produção de grãos, é fundamental que as plantas emitam o maior número de flores, no maior número de ramos, ocasionando no desenvolvimento de vagens e grãos viáveis, sendo fundamental que as plantas retenham as flores e vagens para manter a elevada produtividade.

Tal período é dividido em quatro (04) principais fases: florescimento, formação de vagens, formação de grãos e maturação fisiológica, de acordo com a Tabela 2.

EstádioDescrição
NomenclaturaDenominaçãoDescrição
R1Início do florescimentoUma flor aberta em qualquer nó da haste principal
R2Florescimento plenoMaioria das inflorescências da haste principal com flores abertas
R3Início da frutificaçãoVagens com 0,5 a 1,5 cm de comprimento, no terço superior da haste principal
R4Frutificação plenaMaioria das vagens no terço superior da haste principal com comprimento de 2 a 4 cm
R5.1Início da granaçãoAté 10% da granação máxima na maioria das vagens localizadas no terço superior da haste principal
R5.2Maioria das vagens no terço superior da haste principal entre 10 e 25% da granação máxima
R5.3Média granaçãoMaioria das vagens no terço superior da haste principal entre 25 e 50% da granação máxima
R5.4Maioria das vagens no terço superior da haste principal entre 50 e 75% da granação máxima
R5.5Final da granaçãoMaioria das vagens no terço superior da haste principal entre 75 e 100% da granação máxima
R6Granação plena100% de granação. Maioria das vagens no terço superior contendo sementes verdes em seu volume máximo (“vagem gorda”)
R7.1Maturidade fisiológicaAté 50% de folhas e vagens amarelas
R7.2Maturidade fisiológicaEntre 50 e 75% de folhas e vagens amarelas
R7.3Maturidade fisiológicaAcima de 75% de folhas e vagens amarelas
R8.1Desfolha naturalAté 50% de desfolha
R8.2Desfolha naturalAcima de 50% de desfolha. Aproxima-se o ponto de colheita
R9Maturidade a campo95% de vagens com a cor da vagem madura
Tabela 2 – Estádios de desenvolvimento reprodutivo.
Fonte: Adaptado de Ritchie et al. (1982).

As imagens abaixo mostram, detalhadamente, as características principais dos estádios reprodutivos da soja.

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Figura 6 – Estádio R1.
Fonte: Iowa State University.
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Figura 7 – Estádio R2.
Fonte: Iowa State University.
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Figura 8 – Estádio R3.
Fonte: Iowa State University.
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Figura 9 – Estádio R4.
Fonte: Iowa State University.
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Figura 10 – Estádio R5.
Fonte: Iowa State University.
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Figura 11 – Estádio R6.
Fonte: Iowa State University.
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Figura 12 – Estádio R7.
Fonte: Iowa State University.
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Figura 13 – Estádio R8.
Fonte: Iowa State University.

A figura abaixo representa, de forma simplificada, os estádios reprodutivos da soja.

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Figura 14 – Esquema representativo dos estádios reprodutivos da soja.
Disponível em: https://agro.genica.com.br/2021/09/14/estresse-soja/.
1Institucional - Fenologia da soja: identificação importância para a lavoura

Impactos produtivos na soja

O conhecimento acerca da fenologia da soja permite aos produtores que os mesmos acessem e realizem práticas visando o maior aproveitamento por parte da planta, além de permitir finalizar o ciclo de forma antecipada por meio da dessecação, por exemplo.

A adubação da soja é recomendada, majoritariamente, no pré-plantio, tendo pouco impacto inicial da fenologia. A adubação potássica, quando necessária a realização em cobertura, normalmente é feita em V4, quando a planta já apresenta massa radicular representativa e, dessa forma, apresenta maior eficiência de absorção. Além disso, é válido ressaltar que os picos de fixação biológica de nitrogênio, inicia-se em V1, mas nos estádios R1 e R5.5, há maior nodulação (fixação de biológica) e – consequentemente – maior nutrição nitrogenada da planta.

A adubação foliar pode ser realizada a partir de V4, a depender da dose e do objetivo da aplicação. O manejo hormonal, por meio do uso de fitormônios como auxinas, citocininas e giberelinas, para enchimento de grãos, prática pouco explorada mas que apresenta potencial de aumento de produtividade relevante, pode ser realizada no período reprodutivo, entre R1 e R5, visando melhor desempenho produtivo das plantas.

O uso de biorreguladores pode ser efetivo, também, se realizado entre V3 e V5, promovendo maior desenvolvimento vegetativo e beneficiando a biometria das plantas, propiciando melhor engalhamento e – consequentemente – suporte para as vagens. 

Conclusões

A determinação dos estádios fenológicos da soja permitem o manejo assertivo e a determinação das expectativas sobre práticas e operações realizadas no campo, assegurando ao produtor maior previsibilidade de datas e, dessa forma, planejamento para as futuras safras. Além disso, a maior eficiência dos insumos garante retornos econômicos que possibilitam maior lucratividade, principalmente em períodos de alta dos preços de produtos e baixo preço das commodities.

Referências bibliográficas

AGROGALAXY. Fases fenológicas da soja: otimize sua produção. 2021. Disponível em: https://universo.agrogalaxy.com.br/2021/09/10/fases-fenologicas-da-soja/. Acesso em: 19 set. 2023.

CÂMARA, Gil Miguel de Sousa. Fenologia é ferramenta auxiliar de técnicas de produção. Visão Agrícola, Piracicaba, v. 5, n. 1, p. 63-66, jun. 2006.

IOWA STATE UNIVERSITY. Soybean Growth Stages. s.d. Disponível em: https://crops.extension.iastate.edu/soybean/production_growthstages.html. Acesso em: 19 set. 2023.

MAIA, Matheus. Soja: estádios fenológicos e práticas de manejo. 2022. Disponível em: https://blog.sensix.ag/soja-estadios-fenologicos-e-praticas-de-manejo/. Acesso em: 19 set. 2023.NEUMAIER, Norman et al. Estádios de desenvolvimento da cultura da soja. Brasília: Embrapa, s.d.

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