Macrobiológico: principais espécies e seus controles

O controle biológico consiste na utilização de um organismo vivo para regulamentação populacional de outro organismo que seja considerado uma praga. No caso do controle macrobiológico, espécies de insetos benéficos são utilizados para o manejo, reduzindo a população da praga.

Diversas espécies vêm sendo estudadas a fim de serem utilizadas no manejo de pragas na agricultura. E temos uma boa notícia! Algumas já estão disponíveis no mercado de insumos brasileiros e é possível utilizar as soluções no manejo de importantes pragas agrícolas. 

Nesse material separamos quatro importantes espécies de macrobiológicos que os produtores podem utilizar no combate às pragas. Vamos a leitura?

Índice

Macrobiológico 1: Cotesia flavipes

No cultivo da cana-de-açúcar, à broca-da-cana, Diatraea saccharalis, é considerada a principal praga. Seus prejuízos ocorrem de maneira direta e indireta. Entre os principais danos, está a abertura de galerias no interior do colmo da planta. Dessa forma ocorre a redução na translocação de seiva, quebra e perda de peso dos colmos. 

A principal forma de controle dessa praga é através do uso da vespa Cotesia flavipes. Esse método é considerado um dos maiores sucessos de controle biológico de pragas mundialmente. 

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Fêmea de Cotesia flavipes parasitando larva da broca-da-cana.
Fonte: Divulgação Embrapa

A espécie é uma vespa que varia entre 3 a 4 mm de comprimento e vivem por aproximadamente 34 horas. É um parasitoide, ou seja, utiliza o corpo do hospedeiro para seu desenvolvimento, o que acarreta a morte da praga. 

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Ciclo de vida da broca-da-cana e Cotesia flavipes
Fonte: Gales Machado 2018

A vespa coloca seus ovos dentro do corpo da lagarta (broca-da-cana). Dessa forma, além de matar o hospedeiro, ocorre uma reprodução de vespas na lavoura que irão continuar o controle de lagartas. De cada lagarta parasitada se originam cerca de 40 novas vespas de Cotesia flavipes. 

Macrobiológico 2: Trichogramma pretiosum

Essa é uma das espécies mais conhecidas no controle macrobiológico mundial. É uma microvespa que parasita ovos de diversas espécies de importância agrícola. A fêmea adulta da espécie coloca seus ovos no interior dos ovos do hospedeiro. Todo o desenvolvimento do parasitoide irá ocorrer dentro do ovo da praga. 

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Fêmea de Trichogramma pretiosum parasitando ovo de espécie hospedeira.
Fonte: Divulgação Embrapa

Em cerca de quatro dias após a inoculação da vespa, é possível verificar o escurecimento dos ovos. Dessa forma, é possível identificar que o parasitismo, e consequentemente o controle da praga ocorreu. 

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Ciclo de vida de Trichogramma pretiosum.
Fonte: Divulgação Elevagro

Uma vespa de Trichogramma pode depositar entre 20 e 120 ovos na espécie praga. Fatores como número de vespas liberadas, densidade da praga, época, número de liberações, método de distribuição, fenologia da cultura, número de outros inimigos naturais e condições climáticas podem interferir no manejo. Por isso, é muito importante conhecer as recomendações de uso para cada cultivo.

O uso da espécie é indicada para as seguintes espécies:

  • Anticarsia gemmatalis – lagarta da soja.
  • Helicoverpa zea – lagarta da espiga do milho
  • Pseudoplusia includens – lagarta falsa medideira
  • Spodoptera frugiperda – lagarta do cartucho
  • Tuta absoluta – traça do tomateiro

Macrobiológico 3: Telenomus podisi

A espécie atua no controle macrobiológico de ovos de percevejos de importantes espécies agrícolas. É um parasitoide de ovos que vive cerca de um mês no campo e parasita por até dias semanas após a emergência. É um importante agente de controle do percevejo marrom (Euchistus heros), percevejo verde pequeno (Piezodorus guildini), percevejo verde (Nezara viridula) e percevejo barriga verde (Dichelops melacanthus) na soja, além de percevejo do colmo do arroz (Tibraca limbativentris) no arroz.

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Fêmea de Telenomus podisi parasitando ovo de percevejo
Fonte: Divulgação Embrapa

Em geral, as liberações da espécie devem ser iniciadas uma semana antes do florescimento. A espécie não possui efeitos tóxicos ao meio ambiente ou à saúde do homem. Semelhante a espécie Trichogramma, quando os ovos estão parasitados por Telenomus podisi ficam escurecidos e dão origem a novas vespas. O ciclo completo de parasitismo ocorre entre 5 a 10 dias, dependendo das condições ambientais. 

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Ciclo de vida de Telenomus podisi.
Fonte: Divulgação Mais Soja.

Macrobiológico 4: Orius insidiosus

A espécie é um dos predadores mais conhecidos mundialmente devido sua característica generalista. São percevejos e conseguem se alimentar de diversas espécies consideradas pragas na agricultura. Atua no controle de espécies de tripes, ácaros, afídeos, ovos e pequenas lagartas. Pode ser utilizado em consórcio com outras espécies de macrobiológicos potencializando o controle das pragas.

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Percevejo adulto de Orius insidiosus.
Fonte: Divulgação Mais Soja.

A espécie apresenta um excelente comportamento de busca e por isso se multiplicam rapidamente na área. Conseguem reduzir a população das pragas com eficiência e se manter no ambiente predado hospedeiros alternativos. 

Sua eficiência já foi descrita no controle macrobiológico dos pulgões Aphis gossypii e Myzus persicae no algodão. Também em pequenas lagartas de Alabama argilacea no mesmo cultivo. Também apresenta resultados excelentes em predando ovos e pequenas lagartas das espécies Spodoptera frugiperda e Helicooverpa zea em milho.

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Conclusão

Ao longo do texto foi possível identificar importantes espécies que atuam no combate às pragas agrícolas. Para que os produtores aumentem a eficiência no manejo é fundamental conhecer as principais características de cada espécie. Identificar e escolher o macrobiológico que mais se adequa ao seu cultivo é fundamental para o sucesso no uso desses produtos. 

Referências

NUCLEUS. COMPORTAMENTO E CONTROLE DA Diatraea saccharalis NA CULTURA DA CANA-DE-AÇÚCAR. Disponível em: . Acesso em: 28 mai. 2019.

Parra JRP (2002) Criação massal de inimigos naturais. In: Parra JRP. Controle Biológico no Brasil – Parasitóides e Predadores. Editora Manole, São Paulo. pp143–161.

SMITH, S.M. Biological control with Trichogramma: advances, successes, and potential of their use. Annual Review of Entomology, v.41, p.375-406, 1996.

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