O complexo de lagartas na soja estão entre as principais pragas do cultivo. Causam injúrias diretas as lavouras, com alto potencial de danos e perda de produtividade.
A crescente infestação dessas espécies no cultivo da soja tem causado preocupação em sojicultores de todo o Brasil.
Outra questão é o aumento de populações de lagartas resistentes, que resultam de diversos fatores, como uso incorreto de defensivos químicos, não realização de áreas de refúgio e falta de monitoramento.
Nesse sentido, conhecer as espécies de lagartas da soja e quais seus danos é essencial para que o produtor consiga realizar o melhor manejo.
Neste artigo, destacamos as principais lagartas que danificam a cultura da soja e como manejá-las corretamente.
Índice
Por que algumas espécies de insetos são pragas?
Para construir esse raciocínio devemos pensar o seguinte: no preparo de uma lavoura estamos construindo um ambiente artificial de cultivo. As espécies de lagartas vivem naturalmente na natureza, com populações controladas pelo próprio ecossistema.
Quando esses insetos encontram uma fonte de alimento abundante e condições adequadas para se desenvolverem, crescem de forma exponencial. Nesse momento, podem comprometer uma grande área plantada, causando prejuízos à produção. O que acarreta em perda de produtividade.
Esse é o grande perigo! Nesse momento algumas espécies de insetos se tornam pragas.
Várias espécies de lagartas são consideradas pragas. É na fase jovem destes insetos da ordem Lepidoptera que causam danos. Os adultos da espécie são mariposas, que deixam seus ovos no cultivo para que um novo ciclo de infestação se inicie.
O cultivo de soja está sujeito ao ataque de diversas espécies de lagartas desde a semeadura até a colheita. Por isso, é essencial que o produtor saiba reconhecer as espécies, seus danos e ataques.
Principais lagartas na cultura da soja.
Agora vamos conhecer as principais espécies presentes no cultivo:
Lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis):
É a espécie mais comum na soja. As lagartas menores possuem coloração verde e podem ser confundidas com a lagarta-falsa-medideira, pois também costumam medir palmos.
As lagartas mais desenvolvidas apresentam coloração verde, com estrias brancas na parte superior. Costuma se proteger na face inferior das folhas das plantas e quando perturbadas caem no solo. Danificam principalmente a área central das folhas.
Por ser desfolhadora, a lagarta-da-soja começa aparecer no estágio V2.
Imagem: Lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis).
Fonte: Grupo Cultivar
Lagarta-falsa-medideira (Crysodeixis includens)
É a mais importante no complexo das falsas medideiras. Pode ocorrer em surtos com a lagarta-da-soja agravando o ataque. As lagartas mais jovens apresentam coloração verde-clara e ao se desenvolverem apresentam cor amarronzada.
Possuem listras longitudinais brancas com pontuações pretas no dorso. Ao se alimentarem consomem as folhas sem atingir as nervuras, deixando um aspecto rendilhado.
Seus danos ocorrem principalmente no vegetativo. As lagartas mais novas raspam as folhas, consumindo o parênquima foliar. Já as lagartas maiores, consomem o limbo foliar e, com isso, as nervuras permanecem intactas, causando aspecto de “folhas rendilhadas”.
Imagem: Lagarta-falsa-medideira (Crysodeixis includens).
Fonte: Grupo Cultivar
Lagarta-das-maçãs (Chloridea virescens)
Até 2008 essa praga tinha pouca importância na cultura da soja, porém nos últimos anos passou a ser uma ameaça ao cultivo. Recém eclodidas, as lagartas, apresentam coloração verde e, ficam escondidas nas flores e vagens, dificultando o monitoramento.
As lagartas mais desenvolvidas podem variar as cores de verde, amarela, parda ou rosada, com algumas pintas escuras pelo corpo. Se alimentam do ponteiro das plantas, iniciando pelas folhas novas, até atingir os botões florais.
O ataque da lagarta-das-maçãs ocorre geralmente na fase final da cultura, causando danos às flores, vagens e grãos. Além disso, ela facilita a entrada de patógenos, diminuindo o número de vagens e grãos viáveis.
Imagem: Lagarta-das-maçãs (Chloridea virescens)
Fonte: Agrolink
Lagartas do complexo Spodoptera
Composto pelas espécies Spodoptera frugiperda, Spodoptera eridania e Spodoptera cosmioides. Apresentam características morfológicas distintas.
S. frugiperda apresenta coloração escura, “Y” invertido na cabeça, listras claras no dorso e pontuações escuras em todo o corpo.
S. eridania possui coloração escura com faixas na cor creme. Uma das listras dorsais de seu corpo é interrompida por uma mancha escura no tórax.
S. cosmioides apresenta pontuações brancas no dorso e triângulos pretos. O ciclo de vida varia entre 40 e 46 dias.
As espécies do complexo Spodoptera podem atacar desde as plântulas até as vagens. Seu dano principal é a desfolha. No entanto, podem provocar danos ao longo de todo o período de desenvolvimento, chegando à fase reprodutiva, onde se abrigam no interior das plantas.
Seus danos ocorrem na fase tanto na fase vegetativa como na reprodutiva. Por isso, o monitoramento dessas espécies deve ocorrer ao longo de todo esse período.
Imagem: Lagartas do Complexo Spodoptera.
Fonte: Lavoro
Métodos de controle
Para controle do complexo de lagartas da soja, é importante conhecer todas as ferramentas e estratégias disponíveis. Não existe apenas um método capaz de eliminar todo o problema. Buscar o manejo integrado de pragas é o mais indicado.
Separamos algumas das principais ferramentas para auxiliar o produtor na tomada de decisão.
Controle cultural:
É recomendado utilizar técnicas que irão melhorar a sanidade da lavoura. Rotação de culturas, destruição de restos culturais, adubação de maneira correta, plantio na época correta, tratamento de sementes são algumas das técnicas.
Variedades resistentes:
Uso de variedades com tecnologias da proteína Bt (Bacillus thuringiensis) que apresentam resistência ao complexo de lagartas da soja.
Controle biológico:
Aplicação de micro e macrorganismos capazes de controlar o complexo de lagartas. Alguns exemplos são Baculovírus, Beauveria bassiana, Bacillus thuringiensis, Trichogramma pretiosum. Também é indicado preservar as espécies que já estão na área, consideradas inimigos naturais. Essas espécies de insetos e microbiológicos auxiliam a redução da população de lagartas naturalmente.
Controle químico:
Uso de defensivos químicos de forma racional. Nesse método é fundamental que o produtor realize monitoramento. O controle químico pode ser uma excelente ferramenta de manejo, mas deve ser utilizado da forma correta, preservando os inimigos naturais.
Ao longo do texto percebemos a importância de saber identificar as espécies do complexo de lagartas da soja.
Monitore seu cultivo ao longo de toda a safra e garanta a produtividade da sua lavoura.
Leonardo é formado em Administração com ênfase em Agronegócios pela Universidade Estadual Paulista – “Júlio de Mesquita Filho”. Atualmente é aluno do MBA de Agronegócios da ESALQ/USP. Trabalha como Analista de Operações da Gênica – Inovação Biotecnológica.