Estádios do milho: identificação e importância da fenologia

A fenologia do milho consiste no estudo e entendimento do desenvolvimento das plantas, determinando estádios que classificam as mesmas de acordo com a fase fisiológica na qual a planta se encontra. O milho (Zea mays L.) tem seu ciclo de desenvolvimento fisiológico dividido em dois principais períodos: vegetativo e reprodutivo.

Assim, pode-se afirmar que – além de representar a etapa de desenvolvimento da planta – tais informações sobre a fenologia das mesmas é fundamental no manejo da lavoura, tendo em vista práticas de tratos que têm seus períodos ideais de realização estabelecidos por meio do estádio fenológico do dossel.

É válido ressaltar que, diferente da soja, o milho apresenta um mecanismo de interferência no seu desenvolvimento denominado “graus-dia”, que consiste no desenvolvimento baseado em, além dos fatores essenciais como água e radiação solar, temperatura. A amplitude térmica entre a média diária e a temperatura basal da planta (que, quando exposta a menores temperaturas que 8 ºC, cessa seu metabolismo), dá origem aos valores acumulados, possibilitando a previsão do momento que as mesmas vão atingir determinada fase de seus desenvolvimento.

Índice

Estádios do milho: Vegetativo

O estádio vegetativo representa o período de desenvolvimento primário das plantas, quando as mesmas desenvolvem as folhas, crescem em altura e diâmetro de colmo, preparando-se para o período reprodutivo.

DescriçãoCaracterística
VEEmergência da plântula
V1Primeira folha completamente desenvolvida
V2Segunda folha completamente desenvolvida
Vnn-ésima folha completamente desenvolvida
VTEmissão do pendão
Tabela 1 – Estádios vegetativos e suas características principais.

O primeiro estádio fenológico vegetativo do milho é o VE, que corresponde à fase de emergência da plântula de milho. A germinação ocorre após a absorção de cerca de 30% da massa da semente em água, junto ao acúmulo de cerca de 100 GDD (graus dia de desenvolvimento) após a semeadura. Dessa forma, pode-se concluir que o tempo para que a emergência ocorra é dependente das condições climáticas e de solo do ambiente.

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Figura 1 – Milho em VE.
Fonte: Iowa State University (s.d.).

Os estádios vegetativos são denominados de Vn, sendo “n” o número de folhas completamente desenvolvidas emitidas pelas plantas. Dessa forma, V1 é determinado quando a primeira folha se desenvolve completamente, sendo possível a visualização do colar na união da folha com o caule, havendo – também – a separação das lígulas. Uma característica que propicia a diferenciação entre a primeira folha e as subsequentes é o formato do ápice das mesmas; a primeira possui sua ponta arredondada, enquanto as demais possuem sua ponta lanceoladas. 

V2 é determinado quando há o desenvolvimento pleno da 2ª folha, e assim por diante. As figuras abaixo representam os estádios fenológicos vegetativos, onde podem ser observados, de forma esquemática, o desenvolvimento das plantas de acordo com o estádio determinado.

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Figura 2 – Milho em V1.
Fonte: Iowa State University (s.d.).
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Figura 3 – Milho em V2.
Fonte: Iowa State University (s.d.).

O último estádio vegetativo do milho é denominado VT, quando ocorre a emissão do pendão, que permite o início da reprodução, tendo em vista a formação dos grãos de pólen em suas estruturas reprodutivas. Trata-se de um período crítico para a cultura, uma vez que estresses – principalmente abióticos – podem causar perdas relevantes durante a fertilização da espiga devido a queda de fertilidade dos grãos de pólen.

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Figura 4 – Milho em VT.
Fonte: Iowa State University (s.d.).

Durante todo o ciclo da cultura, a persistência de fatores limitantes e determinantes podem influenciar na perda de produtividade e, consequentemente, na redução da viabilidade da lavoura. Entretanto, pode-se ressaltar a importância dos estádios V3-V4, tendo em vista que – justamente nesses estádios – há a elevação do meristema apical da planta para fora do solo e, dessa forma, há maior susceptibilidade a grandes perdas por estresses hídricos e térmicos, principalmente. Além disso, nesses estádios do milho se inicia a diferenciação floral, que dará origem à panícula e à espiga, definindo – consequentemente – o potencial produtivo da lavoura. Tal potencial pode ser ligado a três principais fatores intrínsecos à espiga: definição do número de espigas, de fileiras e de grãos por fileiras. Por meio desses dados, pode-se obter o potencial produtivo das plantas.

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O manejo da cultura pode usufruir da fenologia para beneficiar a distribuição de insumos, como fertilizantes potássicos, comumente parcelados entre o plantio e o V3-V4 da cultura, a fim de reduzir as perdas por lixiviação.

Estádios do milho: Reprodutivo

O período reprodutivo da cultura do milho é representado pelo desenvolvimento dos grãos nas espigas, bem como a maturação dos mesmos para a colheita dos grãos. A única exceção ao conceito aplicado anteriormente é o primeiro estádio reprodutivo, denominado R1, caracterizado pelo “embonecamento”, quando os estilo-estigmas se projetam para fora da palha, permitindo a fertilização pelos grãos de pólen. 

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Figura 5 – Milho em R1.
Fonte: Iowa State University (s.d.).

O estado subsequente é o R2, quando os grãos já se formam, assumindo aspecto de “bolha d’água”. Tal aspecto se deve ao alto teor de água na composição dos mesmos, que gira em torno de 85%.

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Figura 6 – Milho em R2.
Fonte: Iowa State University (s.d.).

Em R3, os grãos assumem maior consistência, com redução do teor de água e maior acúmulo de amido. Denominados de “grãos leitosos”, nesse estádio ocorre alto risco de abortamento dos grãos, tendo em vista a alta requisição de água e luz por parte das plantas. Além disso, é nesse período do desenvolvimento que os grãos se encontram prontos para a colheita com fins de consumo in natura ou para conserva.

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Figura 7 – Milho em R3.
Fonte: Iowa State University (s.d.).

No estádio de desenvolvimento reprodutivo do milho R4, o teor de água do grão atinge 70%. As estruturas graníferas assumem consistência pastosa, dando origem à expressão “grãos pastosos”, que caracteriza o estádio. A partir desse momento, as bordas da palha começam a assumir coloração marrom, demonstrando a aproximação do período de maturação fisiológica.

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Figura 8 – Milho em R4.
Fonte: Iowa State University (s.d.).

Em R5, os grãos assumem grande redução no teor de água, atingindo 55% de umidade. Além disso, há a formação de endentação no ápice do grãos, caracterizando-os como “grãos dentados”, permitindo a identificação visual do estádio. 

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Figura 9 – Milho em R5.
Fonte: Iowa State University (s.d.).

Além disso, nesse ponto de desenvolvimento se assume o entendimento referente à “linha do leite”, como sub estádios do milho. Como se pode observar na figura abaixo, com o desenvolvimento do estádio, os grãos perdem umidade para o ambiente e, dessa forma, acumulam amido. Tal acúmulo é fundamental à qualidade do grãos e maior eficiência produtiva.

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Figura 10 – Linha do leite nos grãos em R5.
Fonte: Steven Butzen (s.d.).

Por fim, em R6 se considera o estádio de maturidade fisiológica do milho, sendo cessada a translocação de fotoassimilados das folhas para os grãos. Tal processo é evidenciado pela formação do “ponto preto”, visível na base do grão, caracterizando o desligamento dos grãos.

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Figura 11 – Camada de abscisão do grão, representando a maturidade fisiológica.
Fonte: Madalóz (s.d.).

Conclusões

Pode-se assumir que, além do conhecimento sobre o manejo e as práticas necessárias para o desenvolvimento de lavouras viáveis ser fundamental, é essencial que o produtor conheça os estádios do milho e a cultura em si, entendendo seus processos metabólicos e a importância do uso correto dos insumos, na dose correta e no momento correto do desenvolvimento das plantas. 

Assim, a fenologia se mostra como ciência primordial para o aumento da eficiência do cultivo de milho, além possibilitar melhores tomadas de decisão para os profissionais do agronegócio.

Referências bibliográficas

FANCELLI, Antonio Luiz. Manejo baseado na fenologia aumenta eficiência de insumos e produtividade. Visão Agrícola, v. 13, n. 1, p. 24-29, 2015.

LICHT, Mark. Corn Growth Stages. s.d. Disponível em: https://crops.extension.iastate.edu/encyclopedia/corn-growth-stages. Acesso em: 22 nov. 2023.SANTOS, Maurício Siqueira. Qual o ponto de colheita do milho? 2023. Disponível em: https://maissoja.com.br/qual-o-ponto-de-colheita-do-milho/. Acesso em: 22 nov. 2023.

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