Abelhas e polinização: Importância para a agricultura

O serviço ecossistêmico de polinização é prestado principalmente por insetos como as abelhas , mas também podem ocorrer por borboletas, mariposas, moscas, besouros e vespas, além de aves e mamíferos como os morcegos. Mas qual seria a sua real importância para o próprio meio ambiente e por consequência para a agricultura?

Funções da polinização

Essa função proveniente da natureza contribui diretamente para a produção de alimentos e outras culturas agrícolas de valor comercial e indiretamente auxilia na reprodução de plantas das quais dependem de outros serviços ambientais. Por um lado, o polinizador depende dos recursos florais, pólen e néctar para se alimentar, e por outro, as plantas dependem destes insetos polinizadores para o transporte de pólen, garantindo assim a polinização cruzada e, consequentemente, a manutenção das espécies.

As abelhas são consideradas os polinizadores de culturas mais importantes em todo o mundo. Em áreas agricultáveis exercem um importante papel, sendo responsáveis por até 90% da polinização, entre culturas comerciais e árvores nativas. Economicamente os serviços ecossistêmicos de polinização chegam a corresponder cerca de 10% do PIB agrícola, equivalente a um valor de U$200 bilhões/ano.

Espécies de abelhas para polinização na agricultura

Para a utilização das abelhas na agricultura é recomendado que as espécies apresentem ampla distribuição geográfica, cujo manejo e multiplicação de ninhos sejam conhecidos como, por exemplo: as abelhas de mel (Apis mellifera), amplamente encontradas nas mais diversas culturas agrícolas permitindo também a sua exploração comercial na produção de mel e outros produtos melíferos; as mamangavas (especialmente Bombus terrestris), presentes em plantações de tomate, e as abelhas carpinteiras (Xylocopa sp), responsáveis pela polinização do maracujá para que o serviço ambiental prestado seja efetivo.

Efeitos nas culturas de interesse econômico

Em 2015 no Brasil, foi realizada uma revisão de estudos sobre a dependência das culturas por polinizadores, principalmente as abelhas, para evidenciar o valor econômico anual da polinização para cada cultura. Foi constatado que das 141 culturas estudadas, 85 delas dependem de polinizadores e quase 1/3 destas culturas apresentou uma dependência grande ou essencial pelos os mesmos.

Também foi estimado que a contribuição econômica dos polinizadores atinge quase 30% (aproximadamente US$12 bilhões) do valor total da produção agrícola anual das culturas dependentes (totalizando quase US$45 bilhões). Em culturas de importância econômica, tais como café, soja, laranja, tomate, maracujá e feijão, o valor da polinização representa 23% do valor total da produção anual destas culturas.

As culturas do tomate e da soja, por exemplo, o valor da polinização também é alto, o equivalente a cerca de R$ 16 milhões. Para o caso da soja, especificamente, o valor da polinização representa um incremento de 11,25 sacas.ha^-1.

Abelhas polinizando flores de soja. Foto: Décio Gazzoni.

Como elevar o índice de abelhas e polinização

Outra questão importante seria a implantação de apiários próxima aos locais onde a cultura esteja instalada, pois é constatado também um retorno positivo com somente a venda do mel produzido, como uma segunda fonte de renda para os agricultores. Agrega-se assim o valor na polinização de culturas predominante do local, contribuindo para o aumento da produtividade e consequentemente a preservação de matas nativas e florestas, pois, quanto maior a área preservada maior será o valor ambiental monetariamente. Com os produtores conhecendo as regras ambientais e o seu real valor, fica cada vez mais evidente a preservação e manutenção correta das matas, o que poderia aumentar incentivos governamentais para que esta tarefa seja vista como um valor agregado e tenha um retorno financeiro viável.

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