Grão ardido no milho: manejo passo a passo.

grão ardido

O milho (Zea mays) é um dos principais cultivos destinados para alimentação humana e animal mundialmente. É um importante produto na cadeia do agronegócio no Brasil e pode ser produzido em quase todas as regiões no país. No entanto, sua produção necessita de cuidados durante todo o processo produtivo, desde o planejamento da safra e colheita até o controle de patógenos que possam reduzir a qualidade do produto.

Uma preocupação constante dos agricultores e técnicos está relacionada em diminuir o risco de perdas com o grão ardido do milho. De acordo com o padrão de qualidade tem-se adotado a tolerância máxima de 6% de grãos ardidos em lotes comerciais de milho. Por isso, o produtor precisa ficar de olho na sua lavoura para evitar riscos devido a doença.

Índice

O que é grão ardido?

São considerados grãos ardidos aqueles produzidos em espigas que sofreram com algum processo de podridão, em pelo menos um quarto da espiga.

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Figura 1: Sintoma de grãos ardidos em milho, associados a podridão branca.
Foto: Raphael Gregolin

O principal sintoma se apresenta em forma de descoloração dos grãos, que variam de marrom claro, marrom escuro, roxo, vermelho claro ou vermelho escuro.

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Figura 2: Sintoma associado a podridão rosada da espiga.
Foto: Solange Maria Bonaldo

O sintoma é associado à podridão da espiga que é causada por fungos, sendo as principais espécies Stenocarpella maydis, Stenocarpella macrospora (podridão branca da espiga), Gibberella zeae (podridão vermelha da ponta da espiga) e algumas espécies de Fusarium (podridão rosada da espiga).

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Figura 3: Sintoma associado ao ataque de Gibberella zeae.
Foto: Elcio Alves

Em alguns casos é possível detectar a presença dos fungos Penicillium spp. e Aspergillus spp., também causando injúrias.

Principais danos do grão ardido

O ataque de fungos aos grãos resulta tanto em perdas quantitativas quanto qualitativas na produção.

Danos como a redução de conteúdos de carboidratos, proteínas e açucares totais também estão associados a infecção, são os mais frequentes além das descolorações.

Outro ponto que exige atenção e cuidado é além dos fungos causadores dos danos já citados, podem produzir elevado teor de micotoxinas nos grãos, o que reduz drasticamente a segurança alimentar do milho produzido, além da qualidade e preço no mercado.

Abaixo segue uma tabela mostrando as principais toxinas produzidas por fungos associados ao sintoma de grãos ardidos:

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Tabela 1: Principais micotoxinas produzidas por patógenos causadores da doença de grão ardido no milho.
Fonte: SILVA (2000).

Como ocorre a infecção do milho?

A infecção ocorre diretamente na espiga e é favorecida pelo clima úmido e quente, principalmente na fase de polinização.

Além disso, danos causados diretamente por insetos praga como a lagarta-da-espiga (Helicoverpa zea), a lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda), a mosca-da-espiga (Euxesta spp.) ou o percevejo do milho (Leptoglossus zonatus).

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Figura 4: Ciclo da infecção por fungos no milho.
Fonte: Divulgação Pioneer Sementes;

Estratégia de Monitoramento do grão ardido

O monitoramento constante é fundamental para escolher o melhor manejo e aplicação e garantir a melhor qualidade dos grãos.

Para isso, é recomendado avaliar 5 plantas em 5 pontos do talhão para verificar a presença de insetos (que aumentam as chances de infecção) e podridões.

Quando for registrada incidência severa dos fungos nas espigas, a colheita antecipada pode ser a solução, principalmente por reduzir a multiplicação das pragas e podridões.

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Estratégia de Controle

Para obter um manejo eficiente patogênicos que causam as podridões da espiga e grãos ardidos, medidas de controle complementares devem ser adotadas como:

  • Uso de sementes sadias; utilização de cultivares com maior nível de resistência;
  • Realização de rotação de culturas;
  • Evitar a colheita atrasada, dentre outros.

O uso de fungicidas também é recomendado, no entanto, uma ferramenta que apresenta elevada eficiência é o controle biológico quando comparado aos produtos químicos, os agentes de controle biológico têm a vantagem de apresentar a habilidade de colonizar a semente internamente e atuar em diferentes fungos que causem infecções sistêmicas na planta.

As espécies de bactérias do gênero Bacillus, muito utilizadas no controle biológico de diversas pragas, atuam também competindo pela colonização do grão, sendo mais eficientes que os patógenos.

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