O uso de fungos entomopatogênicos vem aumentando significativamente nos últimos anos no Brasil. Esses produtos biológicos atuam de uma forma eficiente e integrada no combate às pragas, garantindo produtividade e qualidade dos alimentos.
No entanto, para que tenham sua eficiência garantida é importante que sejam utilizados da forma correta. Assim, é importante estar atento para as recomendações de uso, além de realizar um bom manejo integrado de pragas com aplicação de outras técnicas aliadas ao manejo.
Sabendo disso, nossa equipe reuniu nesse material, algumas das principais dúvidas sobre fungos entomopatogênicos. Ao finalizar a leitura, se tiver dúvidas sobre o manejo ou quiser conhecer mais, entre em contato com nossos especialistas!
Índice
O que são fungos entomopatogênicos?
São microrganismos que infectam e matam diversas espécies de insetos e ácaros considerados pragas na agricultura. As infecções permitem que as populações de pragas fiquem abaixo do nível de dano e controle. Causam a morte da praga, pois interferem na sua alimentação, reprodução e desenvolvimento. As espécies de fungos entomopatogênicos mais conhecidos são a Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae.
Os biopesticidas a base de B. bassiana são utilizados para vários organismos alvos, tais como:
- Broca-do-café (Hypothenemus hampei);
- Mosca-branca (Bemisia tabaci);
- Ácaro rajado (Tetranychus urticae);
- Cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis) e;
- Bicudo-da-cana-de-açúcar (Sphenophorus levis).
Já os produtos biopesticidas à base de M. anisopliae estão registrados para o controle da:
- Cirgarrinha-das-raízes (Mahanarva fimbriolata) e;
- Cigarrinha-das-raízes-das-pastagens (Deois flavopicta, Zulia sp e Notozulia entreriana).
Qual a forma de controle dos fungos entomopatogênicos?
Os fungos entomopatogênicos controlam a praga alvo colonizando seus corpos, causando doença e morte. É sempre importante frisar, que esses organismos não causam doenças em humanos e animais, pois seus hospedeiros são insetos.
O processo de controle se inicia quando o fungo entra em contato com o tegumento do inseto. Os esporos do fungo (conídios) se aderem à superfície do corpo do inseto e germinam. Nesse processo desenvolvem o tubo germinativo que degradam a cutícula e penetram no interior do inseto. É a partir desse processo que o fungo “adoece” o inseto, multiplicando nos seus órgãos internos e produzindo toxinas que vão matar a praga alvo.
Em condições ambientais favoráveis (elevada umidade), o fungo vai crescer no exterior do inseto formando uma espécie de espuma branca, semelhante ao algodão. Esse material biológico é conhecido como micélio e vai originar novos conídios. Os conídios produzidos podem ser disseminados no ambiente por chuva, vento, insetos ou até equipamentos. Dessa forma, irão infectar novos organismos praga e perpetuar o controle na lavoura.
Por que devo utilizar fungos no controle de pragas?
Diversos benefícios no controle de pragas estão associados com o uso de fungos entomopatogênicos. No processo ocorre redução de riscos e danos ambientais, maior qualidade dos alimentos produzidos e melhor custo-benefício à longo prazo. Além disso, o uso desses biológicos reduz as chances que pragas adquiram resistência, como acontece com produtos químicos.
No campo, os fungos entomopatogênicos se mostram mais eficientes que outros biológicos como predadores e parasitoides. Isso ocorre, pois esse microbiológico consegue infectar diferentes fases da praga alvo. Também se integram no ecossistema da lavoura, sem interferir na atuação de outros inimigos naturais. Dessa forma, não prejudica a atuação de agentes de controle biológico que já estão atuando naturalmente no sistema.
Produtos Disponíveis | Culturas | Praga-alvo |
---|---|---|
Beauveria bassiana | Todas as culturas | Ácaro-rajado (Tetranychus urticae); Mosca-branca (Bemisia tabaci); Broca do café (Hypothenemus hampei); Gorgulho do eucalipto (Gonipterus scutellatus); Tripes do fumo (Thrips tabaci); Cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis) |
Isaria fumosorosea | Todas as culturas | Psilídeo (Diaphorina citri); Mosca-branca (Bemisia tabaci) |
Metarhizium anisopliae | Todas as culturas | Cigarrinha-da-raiz (Mahanarva fimbriolata); Cigarrinha das pastagens (Deois flavopicta); Cigarrinha-das-pastagens (Zulia entreriana); Ácaro-rajado (Tetranychus urticae); Lagarta das folhas (Spodoptera eridania); Lagarta-falsa-medideira (Chrysodeixis includens); Tripes (Frankliniella schltei); Lagarta-militar (Spodoptera frugiperda); Percevejo-castanho (Scaptocoris castanea); Percevejo-marrom (Euschistus heros) |
Fonte: MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Quais os cuidados no manejo?
Existem alguns cuidados que devem ser tomados pelos produtores no momento do manejo, para garantir a eficiência dos fungos. Vamos conhecer:
- Planejamento da aplicação: é essencial para a eficiência do produto. É necessário garantir o transporte e armazenamento adequados, sem presença de umidade e luz solar direta, além da temperatura adequada. Sempre verifique a bula.
- Verificar a formulação: cada produto tem sua formulação de referência. Por isso, é importante que o produtor verifique a mais adequada para seu cultivo, praga alvo e espécie de fungo utilizada.
Adequar equipamentos para a aplicação: por ser um produto de contato, é importante que o fungo seja direcionado para a região da planta com maior probabilidade da presença da praga. Dessa forma, é importante ajustar os equipamentos para que atinjam o máximo de superfície foliar possível.
Conclusão
Nesse material, foi possível verificar a importância do uso de fungos entomopatogênicos para uma agricultura mais sustentável e regenerativa. Esses bioinseticidas possuem um alto poder de controle de diversas pragas agrícolas, atuando com eficiência no manejo.
É importante que o produtor conheça as formas de ação e as espécies mais adequadas para seu cultivo e praga alvo. Além disso, todo o manejo deve seguir o manejo integrado de pragas, unindo um monitoramento adequado do alvo e cuidados na aplicação.
Referências
Alves SB, Pereira RM. (1998) Produção de fungos entomopatogênico. In Alves SB. (ED). Controle microbiano de insetos. 342p. Piracicaba: FEALQ, 2.
Kim J, Skinner M, Hata T, Parker BL. (2010) Effects of culture media on hydrophobicity and thermotolerance of Beauveria bassiana and Metarhizium anisopliae conidia, with descriptin of a novel surfactante based hydrophobicity assay. Journal of Invertebrate Pathology 105:322-328.
Kim J, Skinner M, Hata T, Parker BL. (2010) Effects of culture media on hydrophobicity and thermotolerance of Beauveria bassiana and Metarhizium anisopliae conidia, with descriptin of a novel surfactante based hydrophobicity 80 assay. Journal of Invertebrate Pathology 105:322-328.
Leonardo é formado em Administração com ênfase em Agronegócios pela Universidade Estadual Paulista – “Júlio de Mesquita Filho”. Atualmente é aluno do MBA de Agronegócios da ESALQ/USP. Trabalha como Analista de Operações da Gênica – Inovação Biotecnológica.