O cultivo do café é um dos mais importantes do Brasil. A produção possui grande importância no setor agrícola e econômico nacional. Somente na safra 2020, foram produzidas mais de 61,5 milhões de sacas, volume 25% superior que a safra anterior. Hoje vamos aprender sobre o Manejo Integrado de Pragas no café.
Mas como todo o cultivo sofre com a influência de pragas, que podem reduzir produtividade e tirar dinheiro do bolso do agricultor. O uso das ferramentas do Manejo Integrado de Pragas é uma excelente estratégia para combater as pragas do cafeeiro. Trazer o equilíbrio para o sistema é aumentar as chances de sucesso da safra e consequentemente do valor do produto no mercado.
Neste artigo, separamos os principais aspectos do MIP na cafeicultura, quais as principais pragas, e como combatê-las de forma eficiente. Vamos a leitura?
Índice
Importância do Manejo Integrado de Pragas na cafeicultura
O controle de pragas deve buscar seguir preceitos no Manejo Integrado de Pragas no café. O sistema preza pelo equilíbrio entre critérios econômicos, ecológicos e sociais. Através do MIP é levado em consideração o custo/benefício da forma de controle, quais os impactos para o meio ambiente, para os organismos benéficos e para a saúde do produtor e consumidor.
As ferramentas do MIP são direcionadas para eliminar as possíveis ameaças fitossanitárias da área. Outro fator importante é avaliar os melhores produtos utilizados no controle, visando otimizar cada tipo de manejo. O objetivo é sempre manter a população de pragas abaixo do nível que causa dano econômico, sendo controladas somente quando atingem o nível de controle.
São várias técnicas que integradas auxiliam no controle das pragas do café: controle cultural, controle biológico, controle comportamental, controle genético, controle varietal e controle químico. Abaixo é possível observar a pirâmide no MIP:
Manejo Integrado de Pragas no café
Broca do café (Hypothenemus hampei)
É uma das pragas mais comuns da cafeicultura no Brasil. Existem relatos de sua infestação desde 1920. O ataque da broca traz perdas significativas do peso dos grãos brocados, além de provocar a queda prematura dos frutos. Seu ataque ocorre em frutos em qualquer estágio de maturação, desde verdes, maduros ou secos.
O adulto é um besouro de coloração preta, com corpo cilíndrico e ligeiramente recurvado na região posterior. Os machos são menores que as fêmeas e se distinguem facilmente por apresentar vestígios de asas membranosas, pois são incapazes de voar.
Além de danificar os grãos e reduzir sua qualidade, os danos causados pela broca favorecem a queda prematura e a incidência de patógenos. A infestação desta praga é favorecida por lavouras mais adensadas e locais que apresentam maior umidade.
Através das ferramentas do MIP é possível reduzir as perdas causadas por essa praga no cultivo do café. Uma das maneiras de prevenir e reduzir a infestação é realizar a colheita sem deixar grãos na área. A broca utiliza esses frutos para se multiplicar e aumentar sua população. O controle também pode ser realizado através do fungo Beauveria bassiana ou parasitóides de ocorrência natural como Cephalonomia stephanoderis.
Manejo Integrado de Pragas no Café: Ácaro Vermelho (Oligonychus ilicis)
É uma das espécies mais problemáticas do cultivo do café. Sua infestação é favorecida principalmente por condições mais secas e temperaturas não muito baixas. Ataca os ponteiros do café, na face superior da folha, dando um aspecto de bronzeamento e pode levar a desfolha severa.
A espécie pode ser encontrada na parte superior das folhas do cafeeiro, que ficam recobertas por pequenas quantidades de teia. As fêmeas da espécie medem cerca de 0,5mm de comprimento com pernas e corpo alaranjados. Os ovos são de coloração vermelho intenso, brilhante e esférico. O ciclo do ácaro no cultivo do café dura entre 11 e 17 dias.
O ataque do ácaro ocorre principalmente na parte mais ensolarada da plantação. As folhas ficam muito prejudicadas, com aspecto queimado prejudicando a capacidade fotossintética da planta.
O melhor manejo para o ácaro é através de acaricidas seletivos que não afetam os inimigos naturais. Espécies de ácaros predadores são responsáveis por grande parte do controle natural da praga. É fundamental realizar o monitoramento constante da espécie no cultivo, a fim de evitar surtos de infestação.
Bicho Mineiro (Perileucoptera coffeella)
O bicho mineiro passou a ser praga no cultivo do cafeeiro desde a década de 70. É uma praga exclusiva do cultivo, causando perdas na área foliar por fazer galerias nas folhas da planta. Os principais danos podem ser observados no terço médio e superior da planta. Em altas infestações pode acontecer grande desfolha, o que reduz a capacidade fotossintética e produtividade da planta.
A espécie passa pelas fases de ovo, lagarta, pupa ou crisálida e adulto durante seu desenvolvimento. O ciclo completo pode variar entre 19 e 87 dias, de acordo com as condições climáticas. Baixa umidade e altas temperaturas resultam em encurtamento do ciclo, o que proporciona um ataque mais intenso e severo.
Para controle podem ser utilizadas ferramentas do MIP como controle cultural, genético, biológico e químico. No cultural é indicado realizar tratos culturais que possibilitem um maior enfolhamento das plantas. Fazer uso de cultivares resistentes também é indicado. O controle biológico ocorre de forma natural, principalmente através de vespas, que perfuram as minas e retiram as larvas. Por isso, ao realizar o controle químico, é importante utilizar defensivos que são seletivos aos inimigos naturais.
Conclusões
Ao longo do texto podemos avaliar a importância de conhecer as principais pragas da cafeicultura, assim como seus danos. Através desses conhecimentos é possível prevenir sua ocorrência e reduzir seus danos através de um controle mais efetivo.
Através do Manejo Integrado de Pragas (MIP) é possível escolher as melhores e mais adequadas ferramentas de controle. O manejo eficiente de seu cultivo é o que fará toda a diferença no momento da colheita. Não deixe de aplicar o MIP em seu cafezal!
Referências
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Leonardo é formado em Administração com ênfase em Agronegócios pela Universidade Estadual Paulista – “Júlio de Mesquita Filho”. Atualmente é aluno do MBA de Agronegócios da ESALQ/USP. Trabalha como Analista de Operações da Gênica – Inovação Biotecnológica.