A citricultura é muito importante na balança do agronegócio do Brasil. O país é o maior produtor mundial e exportador de suco de laranja. Apesar de diversas tecnologias serem desenvolvidas anualmente para a produção de citros, os produtos ainda enfrentam diversos desafios no cultivo.
Um deles é o manejo de doenças que podem afetar os pomares e consequentemente a produtividade. Por isso, separamos nesse material as 4 principais doenças da citricultura para o produtor acertar no manejo.
Índice
Greening ou HLB
É considerada a principal doença dos citros. É causada pela bactéria Candidatus Liberibacter spp. e transmitida por inseto vetor: Diaphorina citri. Os sintomas da doença podem ser observados nas folhas e frutos e pode causar perda total da planta, em casos mais severos.
Os principais sintomas são: cloroses assimétricas nas folhas; folhas mais grossas, com nervura central espessa; frutos pequenos e deformados; sementes abortadas; aumento da acidez e queda dos frutos e sintomas secundários como deficiência de zinco, ferro e manganês.
Para o controle dessa doença, são utilizadas técnicas que reduzem a infecção como plantio de mudas sadias e certificadas, erradicação da planta quando infectada e controle do inseto vetor. Uma vez que não existe cura para o greening, realizar esses manejos pode ser o diferencial para o sucesso do pomar.
Leprose dos citros
É causada pelo vírus da leprose dos citros (CiLV) e transmitida pelo ácaro da leprose – Brevipalpus phoenicis. O ácaro da leprose se contamina com o vírus quando se alimenta de plantas infectadas e transmite para as sadias. A doença ainda pode ser disseminada pelo vento, material de colheita, pelo homem e por plantas e mudas infectadas.
Os sintomas da doença são: lesões em ramos, folhas e frutos de coloração amarronzada, com um halo ao redor da lesão; queda prematura de frutos e folhas; seca dos ramos; diminuição da fotossíntese; prejuízos diretos à produtividade.
A principal forma de controle é através do monitoramento constante do pomar e uso de acaricidas para controle do vetor. Em casos mais severos é recomendada a poda drástica e aplicação de solução concentrada de cal em toda a planta. Essas são formas de conter a proliferação do vírus.
Podridão floral dos citros
É causada pelo fungo Colletotrium spp. que ataca botões florais e flores dos citros. A infestação no pomar está muito ligada ao clima e às chuvas que ocorrem ao longo da safra. Quando as chuvas ocorrem muitas vezes durante a floração, o fungo tem mais adaptabilidade para se desenvolver e causar queda das flores.
Os principais sintomas da podridão floral dos citros são: lesões alaranjadas nas pétalas das flores; estigma da flor necrosada e com coloração escura; frutos recém-formados amarelados e com queda. A doença é também conhecida como estrelinha, pois depois que o fruto cai, parte da flor fica presa na planta com aparência de uma estrela.
Alguns manejos auxiliam na redução da infecção. É fundamental manejar de forma que a florada seja regular e não ocorra no período chuvoso. Por isso, é recomendado irrigar o pomar para antecipação da florada; realizar uma adubação correta para evitar floração desuniforme e surtos de floração fora de época; manter o pomar sadio eliminado as plantas infectadas.
Cancro cítrico
É uma doença causada pela bactéria Xanthomonas citri e abrange cerca de 28% dos pomares brasileiros. A doença é transmitida pela água da chuva, irrigação, vento, maquinários, veículos e pessoas.
O Cancro cítrico pode ser identificado através de pequenos pontos, salientes e de coloração amarronzada. Também ocorre o aumento das manchas marrons e aparecimento de regiões cloróticas ao redor das lesões. Essas lesões podem cobrir folhas e frutos, causando a sua queda quando a doença está em estágio mais avançado.
É importante salientar que as lesões do cancro cítrico são porta de entrada para diversos fungos que causam doenças, além de afetar a polpa dos frutos.
Pelo seu aspecto de disseminação, a principal estratégia no combate da doença é a erradicação. Ou seja, quando não eliminada, é recomendado o uso de quebra-ventos, pulverização com cobre e uso de cultivares resistentes.
Conclusão
É fundamental que o citricultor conheça as características das principais doenças dos citros. Com o manejo correto é possível reduzir perdas na produção e aumentar os ganhos de produtividade.
Saber reconhecer os sintomas das doenças é um ponto chave no manejo. Esse poderá ser o diferencial em uma safra de sucesso. Esteja atento às mudanças na sua produção!
Referências
KLUGE, R.; SCARPARE FILHO, J.A.; JACOMINO, A.O.; PEIXOTO, C.P. Distúrbios fisiológicos em frutos Piracicaba: FEALQ, 2001.
ROSSETTI. V.; MULLER, G. W.; COSTA, A. S. Doenças dos citros causadas por algas, fungos, bactérias e vírus. Campinas: Fundação Cargil, 1993. 84 p.
Leonardo é formado em Administração com ênfase em Agronegócios pela Universidade Estadual Paulista – “Júlio de Mesquita Filho”. Atualmente é aluno do MBA de Agronegócios da ESALQ/USP. Trabalha como Analista de Operações da Gênica – Inovação Biotecnológica.