Frequentemente os agricultores realizam a análise do solo, para que possam corrigi-los e garantir maior produtividade. Entretanto, nesta análise estava faltando um componente fundamental: a avaliação biológica. Sabendo disso, pesquisadores da Embrapa desenvolveram o BioAs, uma bioanálise que funciona como um “exame de sangue do solo”.
Com ela, é possível detectar problemas assintomáticos do solo e agir preventivamente.
De olho nas novas tecnologias, a equipe do Agroinovadores reuniu as principais informações sobre a técnica. E você produtor pode conferir tudo neste artigo.
Índice
O que é BioAs?
Esta recente tecnologia desenvolvida pela Embrapa Cerrados avalia o potencial produtivo e sustentabilidade do solo.
A tecnologia detecta estas características através da análise de duas enzimas (beta-glicosidase e arilsulfatase).
Estas enzimas funcionam como bioindicadores do solo, e quanto maior sua presença, maior a sustentabilidade. Quando sua presença é baixa, é considerada como um alerta aos produtores, para adotarem boas práticas de manejo de solo.
O uso do BioAs proporciona um diagnóstico mais completo e consegue detectar diferenças no solo, que não são percebidas nas análises convencionais.
No momento, a tecnologia está formada para cultivos anuais de grãos e fibras, principalmente na região do cerrado. Mas, já existe previsão para uso em cultivos de cana-de-açúcar, café e pastagens.
O que caracteriza um solo saudável?
São solos biologicamente ativos, que promovem o desenvolvimento das plantas, sequestram carbono, armazenam água, ciclam nutrientes e emitem menos gazes de efeito estufa. Quanto maior a diversidade metabólica e biológica, maior a sua saúde do solo.
Os microorganismos são a maior parte viva e ativa do solo, por isso, sua presença indica que os processos biológicos estão ocorrendo com maior qualidade.
Na análise tradicional do solo, são avaliados somente índices químicos e físicos, como pH e presença de macronutrientes. No entanto, basear o manejo somente nestas informações pode ser um erro.
Solos que apresentam estrutura química diferente, podem apresentar biologia diferente. E como sabemos, a presença da microbiota do solo impacta positivamente a produtividade.
Com a bioanálise do BioAs, o produtor consegue obter todas estas informações e manejar o solo de uma forma mais assertiva (Fig.1).
Vantagens do BioAs
Como permite uma avaliação preventiva das características do solo, o uso do BioAs traz diversas vantagens:
- Detecta mudanças do solo;
- Relaciona a produtividade com a matéria orgânica;
- Avalia a ciclagem de nutrientes através da presença de enzimas;
- Os resultados são simples de serem interpretados, classificados como muito alto, alto, moderado, baixo e muito baixo;
- A resposta não é influenciada pela presença de adubo ou calcário;
- Sua análise não gera resíduos para o meio ambiente;
- Custo baixo e acessível ao produtor.
Como fazer a análise?
Primeiramente, a coleta do solo deve ser realizada. A técnica utilizada é a mesma realizada para as demais análises. A única diferença está coletar o solo nas camadas de zero a dez centímetros.
Também é recomendado que a coleta ocorra após a colheita das lavouras (preferencialmente após o cultivo safrinha).
Após as amostras devem ser enviadas diretamente para o laboratório.
Atualmente existem nove laboratórios credenciados pela Embrapa para a realização do BioAS, em cinco estados brasileiros (Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, São Paulo e Paraná).
Você pode encontrar informações detalhadas destes, clicando aqui.
A Embrapa reuniu resultados de produtores que utilizam a tecnologia, e os resultados são surpreendentes, confira abaixo:
O BioAS é a primeira iniciativa de análise biológica do solo do mundo, e poderá tornar o Brasil uma referência mundial na área.
Assim ganham todos: o agricultor, o meio ambiente e a sociedade.
Leonardo é formado em Administração com ênfase em Agronegócios pela Universidade Estadual Paulista – “Júlio de Mesquita Filho”. Atualmente é aluno do MBA de Agronegócios da ESALQ/USP. Trabalha como Analista de Operações da Gênica – Inovação Biotecnológica.