A cana-de-açúcar é um dos principais cultivos do Brasil, e a presença de pragas é uma realidade nos canaviais. Conhecer as pragas e o momento de sua ocorrência é essencial para o sucesso do controle e ganho de produtividade.
Uma das principais técnicas de controle de pragas da cana-de-açúcar é o uso de controle biológico, que utiliza ferramentas da própria natureza para um manejo eficiente e que preserve o meio ambiente, a saúde do agricultor e consumidor.
Pensando nestes aspectos, separamos algumas das principais pragas da cana-de-açúcar e suas ferramentas de controle biológico.
Boa leitura!
Índice
Pragas da cana-de-açúcar: Broca da Cana (Diatrea sacharalis)
É a principal praga da cana-de-açúcar e a mais conhecida entre os produtores. Pode ocorrer em todo o estádio de desenvolvimento e causa prejuízos em seu estágio de larva (lagarta), que se alimenta inicialmente das folhas (Fig.1).
Em estágio mais avançado de desenvolvimento, o inseto penetra no colmo da planta pelas partes mais moles e faz galerias.
Os danos diretos da praga estão relacionados:
- Perda do peso do material;
- Tombamento devido ao broqueamento transversal do colmo (Fig. 2);
- Coração morto, sintoma observado em plantas jovens, levando ao secamento dos ponteiros; enraizamento aéreo e formação de brotação lateral.
Além destes, o orifício deixado pela broca é porta de entrada para fungos patogênicos (Colletotrichum falcatum e Fusarium moniliforme) que causam a podridão vermelha, doença que afeta diretamente a produção de açúcar e etanol.
Como controlar?
O controle biológico é o método mais eficiente para controle da broca, através do uso de parasitoides como Trichogramma galloi e Cotesia flavipes.
O primeiro atua parasitando e controlando o ovo da praga, impedindo que a lagarta se desenvolva e ecloda do ovo.
Saiba tudo sobre o controle biológico da broca-da-cana, clicando aqui.
Já a C. flavipes parasita a larva, reduzindo sua atividade e matando a mesma. Como a broca apresenta o hábito de se desenvolver dentro do colo, o controle químico não é eficiente pois não consegue atingir a praga.
Pragas do cultivo: Cigarrinha-das-raízes (Mahanarva fimbriolata)
A praga teve seu desenvolvimento acelerado após a proibição das queimadas das lavouras (Fig.3).
O desuso da técnica trouxe vários benefícios, no entanto, permitiu que a cigarrinha se desenvolvesse muito bem na palhada, encontrando um ambiente favorável para o seu desenvolvimento.
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Sua ocorrência na lavoura se inicia após as primeiras chuvas no dum do inverno.
As ninfas se alimentam diretamente das raízes e liberam uma espuma branca, bastante característica da infestação da espécie (Fig. 5).
Já os adultos, causam aparecimento de manchas amareladas nas folhas que podem se tornar avermelhadas e opacas.
Os danos principais estão relacionados:
- Redução de fotossíntese e produtividade;
- Deterioração do colmo pela perfuração das cigarrinhas; morte dos perfilhos, murchamento do colmo e morte da planta;
- Redução da qualidade do açúcar;
- Redução da pureza do caldo e aumento dos contaminantes.
Como controlar?
É recomendado o uso de controle biológico através do fungo Metarhizium anisoplie, que irá controlar as ninfas e adultos. A aplicação deve ser realizada quando forem encontradas populações acima de 3 ninfas por metro linear. Por isso, o monitoramento deve ser constante na lavoura.
Pragas da cana-de-açúcar: Besouro Migdolus (Migdolus fryanus)
Pode aparecer em todas as fases do cultivo, mas seus danos são mais acelerados na fase inicial e de implantação.
Ataca o sistema radicular causando falhas na brotação das soqueiras, morte em reboleiras, o que pode levar a uma reforma precoce do canavial.
As perdas causadas pela praga (Fig. 5), podem variar de algumas toneladas por hectare, até causar a morte inteira da lavoura.
Os efeitos de seu ataque, são mais evidenciados quando as plantas estão sujeitas ao déficit hídrico, quando é possível observar um número mais elevado de larvas juntos às touceiras.
Como controlar?
É importante que o produtor conheça o ciclo da praga e realize o controle no momento mais adequado.
Todo o ciclo ocorre de forma subterrânea, porém os adultos vêm a superfície para realizar a revoada e migração.
Neste momento, aplicações de produtos biológicos como fungos e/ou bactérias auxiliam podem auxiliar no controle.
No entanto, diversos estudos apontam a utilização de nematoides entomopatogênicos, como Heterorhabditis sp., aplicado no solo, com eficiência de controle do besouro.