A qualidade da fibra do algodão é uma característica de extrema importância no momento da comercialização do produto. No entanto, alguns fatores podem afetar sua qualidade, sendo que saber reduzir seus danos é um elemento-chave na rentabilidade dos cultivos.
Para ajudar o produtor a reduzir a perda de qualidade do produto, separamos os principais fatores diretos que afetam o cultivo e como estes podem ser minimizados.
Índice
Quais as principais características para uma boa qualidade da fibra do algodão
A qualidade da fibra é determinada por um conjunto de características que estão ligadas a indústria têxtil. A fibra representa entre 40% a 60% do custo do fio, por isso a indústria tem alto rigor na escolha da matéria prima.
As principais características estão relacionadas a:
- parâmetros como comprimento (comprimento comercial, uniformidade e fibras curtas); resistência; o índice micronaire (formado por componentes de finura e maturidade);
- cor (com brilho ou amarelo);
- regularidade da massa de fibra (preparação);
- teor de neps (presença de nó de fibra imatura e fragmento de casca de caroços);
- presença ou não de restos culturais (Fig. 1, 2).
No Brasil, existe um rigoroso processo de análise de qualidade e classificação para os fardos produzidos.
O produto também passa por processo de certificação pela ABR (Algodão Brasileiro Responsável), onde o produtor realiza a adesão, recebe visita da equipe técnica de seu estado para realização do diagnóstico da propriedade, realiza as correções indicada pelos técnicos, passa por auditoria e se a produção estiver na conformidade recebe a certificação.
Qualidade genética e condições ambientais
A qualidade genética da variedade utilizada vai determinar as características da fibra como comprimento, finura, uniformidade e resistência.
A escolha da variedade é uma decisão de cada produtor e deve ser definida de acordo com as características produtivas da área cultivada.
Além da produtividade da cultivar, deve-se atentar para as características como resistência de doenças, pragas e nematoides podem ser determinantes para a qualidade da fibra.
Um exemplo deste manejo está relacionado a presença da mosca-branca no algodão, que é uma das principais pragas do cultivo. Saber manejar sua presença na lavoura é um ponto importante para manutenção da fibra.
Também é fundamental que o produtor tenha conhecimento das pragas que podem atuar no sistema ponte verde, para que esteja preparado e possa antecipar os manejos.
Todo o ano, são lançadas novas variedades para os produtores, diversos tipos de resultado são disponibilizados para que eles possam fazer a melhor escolha para sua área.
Condições do ambiente e produção
As condições do ambiente como tipo de solo, clima tipo de colheita, armazenamento atuam em conjunto com as características da variedade escolhida.
Por exemplo, se ocorrer período de seca na floração o comprimento da fibra é mais baixo e reduz qualidade.
A adubação permite que as plantas estejam mais nutridas e aumentam sua produção, além de estarem mais preparadas para a produção das fibras.
Já a baixa iluminação e queda de temperatura pode afetar diretamente o comprimento e uniformidade da fibra.
Momento da colheita para qualidade da fibra do algodão
Alguns manejos são essenciais para que a colheita mecânica seja eficiente:
- Utilizar variedades que permitam colheita uniforme;
- Aplicar desfolhante antes do início da colheita, que evita que restos culturais fiquem presos à fibra e reduzam a qualidade;
- Realizar a colheita em dias secos; para evitar umidade que podem degradar a fibra;
- Colher enquanto os capulhos estiverem abertos;
- Não utilizar sacos de polipropileno pois danificam a fibra do algodão;
- Realizar um transporte rápido e eficiente entre a lavoura e a usina de beneficiamento;
Já colheita manual, ainda realizada por agricultores familiares, apresenta a vantagem de ser mais detalhada e ter um menor risco de contaminação. No entanto é mais onerosa e envolve maiores custos com mão-de-obra.
Leonardo é formado em Administração com ênfase em Agronegócios pela Universidade Estadual Paulista – “Júlio de Mesquita Filho”. Atualmente é aluno do MBA de Agronegócios da ESALQ/USP. Trabalha como Analista de Operações da Gênica – Inovação Biotecnológica.