O sistema de cultivo do feijão irrigado favorece o desenvolvimento de patógenos no solo e pode aumentar a incidência de doenças da parte radicular.
Por ser um importante grão de produção e consumo nacional e internacional, a necessidade de produzir mais e melhor tem aumentando constantemente. Por isso, é fundamental que o produtor consiga caracterizar e combater as principais doenças do feijão irrigado.
No artigo de hoje, vamos conhecer as principais doenças associadas ao ataque de raízes no cultivo do feijão irrigado. Vamos lá?
Índice
Podridão-radicular (Rhizoctonia solani)
A espécie que causa a doença é bastante comum em solos cultivados e tem sua incidência aumentada em solos que apresentem pouca drenagem e alta taxa de umidade.
Afeta diretamente as sementes, que em muitos casos, nem se germinam e apodrecem no solo.
Quando a infecção ocorre nas plântulas, surgem lesões castanho-avermelhadas na base do caule, que evoluem para as raízes matando o sistema radicular.
Um sintoma bem característico deste ataque é o tombamento ou plantas raquíticas.
O controle inclui o uso de sementes sadias e de procedência conhecida, além do tratamento inicial com fungicidas. Outros métodos como facilitação da emergência, a fim de ter menos risco de infecção inicial e enraizamento rápido diminuem as perdas.
Murcha de Fusarium (Fusarium oxyporum f.sp. phaseli)
É uma doença favorecida por temperaturas amenas e solos com muita umidade e infecta quase que exclusivamente a planta de feijoeiro.
Se manifesta principalmente a partir do florescimento e do enchimento das vagens.
A infecção se inicia nas raízes e segue em direção a parte aérea através do xilema*.
Em alguns casos é possível observar o escurecimento das raízes e nas horas mais quentes do dia a parte aérea pode apresentar murchamento. Em ataques mais severos a planta morre e é possível observar estruturas cinza e rosadas próximas a planta, que são os micélios do fungo.
A principal forma de controle é através do uso de cultivares resistentes. No entanto, outros manejos também são fundamentais, como uso de sementes certificadas e de boa procedência, plantio em épocas de temperaturas elevadas e ajuste correto da irrigação que não permita acúmulo de água e excesso de umidade.
Podridão-radicular-seca (Fusarium solani)
É uma doença causada pelo fungo F. solani bastante comum em regiões de cultivo intensivo de feijão e muito favorecida pela alta umidade do solo. Como em solos úmidos existe uma menor taxa de difusão de oxigênio e menor número de macrosporos**, o crescimento das raízes fica limitado e se desenvolve mais superficialmente. Os inóculos do patógeno também se acumulam na parte superior do solo, por isso a infecção ocorre inicialmente nas raízes.
Os sintomas iniciais são estrias longitudinais de coloração avermelhada na raiz da plântula ou plantas jovens, que evoluem para lesões avermelhadas e marrons.
Nas raízes primárias é comum observar fissuras necróticas, que geralmente acabam sendo destruídas, impossibilitando a absorção de água e nutrientes, deixando a planta debilitada.
As raízes adventícias acabam se desenvolvendo acima da área lesionada aumentando a dificuldade de absorção. Quando o ataque não é controlado, o fungo pode destruir todo o sistema radicular, resultando em plantas pouco desenvolvidas.
O tratamento de sementes com fungicidas é recomendado para evitar a introdução do patógeno na área cultivada. A aplicação de biológicos também é recomendada como espécies de Trichoderma. O uso de manejos que facilitem a germinação, emergência e formação rápida de raízes são altamente recomendados. Também deve-se procurar realizar a semeadura em solos bem drenados e com correção adequados, como também evitar o plantio em temperaturas abaixo de 15 °C.
*Xilema – tecido das plantas onde circula água e sais minerais pela planta;
**Macrosporos – poros por onde é possível a água circular;
REFERÊNCIAS
OLIVEIRA S.H.F (1999) Doenças do feijoeiro: guia de identificação, fenologia e controle. Instituto Biológico, 58 p.
WENDLAND A., et al. (2018) Fenologia do feijoeiro e manejo fitotécnico (Common bean phenology and crop management). EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, 42 p.