Doenças do feijão irrigado: Saiba mais sobre as que atingem a raiz

O sistema de cultivo do feijão irrigado favorece o desenvolvimento de patógenos no solo e pode aumentar a incidência de doenças da parte radicular.

Por ser um importante grão de produção e consumo nacional e internacional, a necessidade de produzir mais e melhor tem aumentando constantemente. Por isso, é fundamental que o produtor consiga caracterizar e combater as principais doenças do feijão irrigado.

No artigo de hoje, vamos conhecer as principais doenças associadas ao ataque de raízes no cultivo do feijão irrigado. Vamos lá?

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Sistema de feijão irrigado. Foto: Alexandre Perassoli/ TVCA

Índice

Podridão-radicular (Rhizoctonia solani)

A espécie que causa a doença é bastante comum em solos cultivados e tem sua incidência aumentada em solos que apresentem pouca drenagem e alta taxa de umidade.

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Podridão-radicular. Foto: Elevagro

Afeta diretamente as sementes, que em muitos casos, nem se germinam e apodrecem no solo.

Quando a infecção ocorre nas plântulas, surgem lesões castanho-avermelhadas na base do caule, que evoluem para as raízes matando o sistema radicular.

Um sintoma bem característico deste ataque é o tombamento ou plantas raquíticas.

O controle inclui o uso de sementes sadias e de procedência conhecida, além do tratamento inicial com fungicidas. Outros métodos como facilitação da emergência, a fim de ter menos risco de infecção inicial e enraizamento rápido diminuem as perdas.

Murcha de Fusarium (Fusarium oxyporum f.sp. phaseli)

É uma doença favorecida por temperaturas amenas e solos com muita umidade e infecta quase que exclusivamente a planta de feijoeiro.

Se manifesta principalmente a partir do florescimento e do enchimento das vagens.

A infecção se inicia nas raízes e segue em direção a parte aérea através do xilema*.

Em alguns casos é possível observar o escurecimento das raízes e nas horas mais quentes do dia a parte aérea pode apresentar murchamento. Em ataques mais severos a planta morre e é possível observar estruturas cinza e rosadas próximas a planta, que são os micélios do fungo.

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Murcha de Fusarium no Feijão. Foto: Juliane M. Lemos Blainski

A principal forma de controle é através do uso de cultivares resistentes. No entanto, outros manejos também são fundamentais, como uso de sementes certificadas e de boa procedência, plantio em épocas de temperaturas elevadas e ajuste correto da irrigação que não permita acúmulo de água e excesso de umidade.

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Podridão-radicular-seca (Fusarium solani)

É uma doença causada pelo fungo F. solani bastante comum em regiões de cultivo intensivo de feijão e muito favorecida pela alta umidade do solo. Como em solos úmidos existe uma menor taxa de difusão de oxigênio e menor número de macrosporos**, o crescimento das raízes fica limitado e se desenvolve mais superficialmente. Os inóculos do patógeno também se acumulam na parte superior do solo, por isso a infecção ocorre inicialmente nas raízes.

Os sintomas iniciais são estrias longitudinais de coloração avermelhada na raiz da plântula ou plantas jovens, que evoluem para lesões avermelhadas e marrons.

Nas raízes primárias é comum observar fissuras necróticas, que geralmente acabam sendo destruídas, impossibilitando a absorção de água e nutrientes, deixando a planta debilitada.

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Podridão-radicular-seca. Fonte: Agrolink

As raízes adventícias acabam se desenvolvendo acima da área lesionada aumentando a dificuldade de absorção. Quando o ataque não é controlado, o fungo pode destruir todo o sistema radicular, resultando em plantas pouco desenvolvidas.

O tratamento de sementes com fungicidas é recomendado para evitar a introdução do patógeno na área cultivada. A aplicação de biológicos também é recomendada como espécies de Trichoderma. O uso de manejos que facilitem a germinação, emergência e formação rápida de raízes são altamente recomendados. Também deve-se procurar realizar a semeadura em solos bem drenados e com correção adequados, como também evitar o plantio em temperaturas abaixo de 15 °C.

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*Xilema – tecido das plantas onde circula água e sais minerais pela planta;

**Macrosporos – poros por onde é possível a água circular;

REFERÊNCIAS

OLIVEIRA S.H.F (1999) Doenças do feijoeiro: guia de identificação, fenologia e controle. Instituto Biológico, 58 p.

WENDLAND A., et al. (2018) Fenologia do feijoeiro e manejo fitotécnico (Common bean phenology and crop management). EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, 42 p.

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