No artigo de hoje o AgroInovador Rafael Albertim apresentará os principais aspectos técnicos no contexto relacionado a principal doença que causa esta perda foliar na cultura da soja, a ferrugem asiática.
Os estudos relacionados a sanidade foliar na cultura da soja vêm apresentando resultados sólidos no que diz respeito à relação direta entre maior sanidade foliar e ganhos em produtividade da cultura.
Analisando o porte da planta como um todo, precisamos nos atentar a manter a área foliar da cultura ao máximo, desde o terço inferior até as folhas do ponteiro.
A ferrugem possui um potencial de dano muito agressivo na desfolha da cultura e seu controle vem sendo um desafio para os produtores devido aspectos do patógeno que discutiremos nos tópicos abaixo.
Índice
Parâmetros gerais da ferrugem asiática
A ferrugem asiática é causada por um fungo biotrófico conhecido por Phakopsora pachyrhizi.
A ferrugem asiática foi detectada no Brasil e Paraguai pela primeira vez na safra de 2001.
Devido sua alta severidade de danos a doença mudou o cenário dos posicionamentos em controle fitossanitário na cultura.
Seu maior dano ocorre devido a desfolha precoce ocasionada pelo patógeno, impedindo a formação e enchimento dos grãos ocasionando uma drástica queda em produtividade (GODOY et al., 2016).
A severidade dos danos ocasionados pela ferrugem asiática em soja é tão grande que pode acarretar perda de produtividade de até 90% (SINCLAIR e HARTMAN, 1999; YORINORI et al., 2005)
Infecção e Sintomas da ferrugem asiática
Devido a necessidade de um microclima de molhamento foliar para infecção do fungo na planta, é no terço médio que se iniciam os sintomas de ataque do fungo.
A ferrugem asiática necessita para infecção um molhamento foliar de no mínimo 6 horas de água livre na superfície da folha, sendo ideal 10 a 12 horas.
Em relação a temperatura está entre 15ºC a 28ºC para desenvolvimento e infecção do fungo (EMBRAPA, 2017).
No monitoramento e análise visual as lesões iniciam-se com minúsculas pontuações escuras (1mm diâmetro) podendo ser caracterizadas quando colocadas contra a luz do sol.
Entretanto sabemos que existem várias doenças de mancha foliar na cultura que podem ser confundidas com a ferrugem em momentos iniciais, e a confirmação da ferrugem é feita pela constatação de na parte abaxial (verso) da folha.
Nesta região teremos a formação de estruturas de esporulação do fungo (urédias) e posteriormente pústulas onde a estrutura possui aspectos esponjoso ou bolhas.
A utilização de lupas pode auxiliar na confirmação do fungo da ferrugem asiática.
Ciclo da Ferrugem asiática
Em relação ao ciclo da doença, como mostra a figura abaixo, a ferrugem pode estar presente em qualquer momento da cultura desde que as condições sejam favoráveis ao fungo.
Em anos com maior umidade temos uma tendência de maior pressão da doença, devido as condições serem favoráveis ao fungo.
Alternativas para controle da ferrugem asiática
No controle da ferrugem asiática a utilização de práticas dentro do Manejo Integrado de Doenças (MID) são conceitos fundamentais para atingir uma boa eficiência de controle.
O próprio vazio sanitário assegura por lei nacional uma função importante na redução da pressão do inóculo presente nas áreas produtoras, sendo este um período definido para cada região em que não se pode ter a cultura presente no campo, tendo resultado pelo fato de ser um fungo biotrófico.
Além destas possibilidades, a utilização de materiais com maior tolerância a infecção do fungo, semeadura em começo de janela, materiais mais precoces, entre outros manejos podem auxiliar na redução de severidade do patógenos nas plantas.
Perspectivas da ferrugem asiática no longo prazo
Com base nos resultados do ensaio rede da Embrapa sobre o desempenho das moléculas químicas comerciais registradas para ferrugem nas últimas safras, o cenário de eficiência no controle da ferrugem aponta uma redução contínua.
Isto pode ser resultado dos posicionamentos dos fungicidas de sítio específico que aumentam a pressão de seleção das populações resistentes.
Dessa forma, associação de carboxiamidas, estrobirulinas e triazóis no mesmo produto vem sendo uma tendência dos fungicidas para aumentar o controle, porém o custo destas aplicações no ciclo da soja acaba onerando os produtores.
Além desta associação, a utilização de multisítios e a rotação dos grupos químicos é essencial para diminuir a resistência da ferrugem asiática frente às moléculas disponíveis no mercado.
Opinião do especialista
Para mais informações confira o vídeo abaixo da especialista em ferrugem asiática Claudia Godoy.
Referências
GODOY, Claudia Vieira et al. Boas práticas para o enfrentamento da ferrugem-asiática da soja: Ferrugem-asiática da soja. 2017. Disponível em: https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/handle/doc/1074899. Acesso em: 19 dez. 2019.
GODOY, Claudia Vieira. Estratégias para o manejo da ferrugem da soja. 2016. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=4Q2wyRHX2AE. Acesso em: 19 dez. 2019.
Graduando em Engenharia Agronômica pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ/USP). Atuou no cargo de Coordenador do Grupo de Experimentação Agrícola (GEA – ESALQ). Atualmente é estagiário de Pesquisa e Desenvolvimento da Gênica – Inovação Biotecnológica.
Um pensamento em “Ferrugem Asiática: 05 pontos importantes”