No artigo de hoje o AgroInovador Leonardo Franchi abordará informações importantes sobre o Controle Biológico de Pragas, Doenças e Nematoides. Durante o texto você verá um pouco do que se trata esta importante ferramenta do Manejo Integrado de Pragas, quais os seus benefícios e como anda o mercado de biodefensivos.
Índice
O que é sobre Controle Biológico
O controle Biológico de pragas, doenças e nematoides faz parte do Manejo Integrado de Pragas e Doenças (MIPD) e utilizam-se de inimigos naturais obtidos através da natureza ou manipulação genética para combater insetos, como cigarrinha, doenças como o caso da Macrophomina phaseolina e nematoides.
A presença de pragas, doenças e nematoides na agricultura podem trazer danos de até 40%, e esta perda pode impactar tanto o bolso do produtor quanto cenários macros, como o mercado de comercialização dos produtos provenientes da agricultura.
A utilização destes biodefensivos não estão atreladas apenas a uma cultura específica, ou seja, o produtor pode escolher utilizar ferramentas biológicas desde grãos, cana de açúcar, em seu pomar ou até mesmo na horta, sempre dentro das recomendação de registro – o foco do controle biológico está relacionado ao controle do patógeno.
Para compreendermos um pouco mais sobre a eficiência das ferramentas biológicas é preciso entender que existem dos tipos de biodefensivos.
Defensivos Macrobiológicos
Esta ferramenta é muito utilizada em algumas culturas e tem como princípio ativo macroorganismos, como insetos para o controle de pragas.
Defensivos Microbiológicos
Já os defensivos microbiológicos são microorganismos, ou seja, fungos e bactérias que tem alta eficiência no controle de pragas, doenças e nematoides na agricultura.
A história dos biodefensivos
O primeiro indício registrado do uso de inimigos naturais para o controle biológico de pragas aconteceu em 1888 nos Estados Unidos. Nesta ocasião foi importado um inseto da Austrália para controlar uma praga do tipo cochonilha, muito comum em citros.
No Brasil, os pioneiros do uso bem-sucedido do controle biológico foram agricultores de gramíneas, num primeiro momento na pastagem e posteriormente na cana-de-açúcar.
Os benefícios do Controle Biológico
A utilização de micros e macroorganismos para o controle de pragas e doenças são ferramentas que contribuem para uma agricultura mais sustentável do ponto de vista ambiental, social e econômico.
Seus benefícios estão atrelados principalmente ao:
Efeito Residual
O impacto financeiro causado pelo uso de ferramentas biológicas torna este tipo de ferramenta atrativa ao produtor.
Os defensivos biológicos, por exemplo, garantem ao produtor rural um efeito residual mais prolongado quando comparado com os agroquímicos, por exemplo.
Isso significa que os biopesticidas tem como um dos objetivos fornecer ao produtor rural um período maior de controle, aumentando a produtividade da lavoura e reduzindo a aplicação de outros produtos.
Seletividade de controle no patógeno
Por utilizar-se de inimigos naturais, ou seja, micro e macroorganismos que já existiam na natureza, os defensivos biológicos têm uma precisão sobre o alvo do controle, diminuindo as chances de causar um desiquilíbrio no ecossistema onde a lavoura está inserida.
Segurança
Os biodefensivos são produtos que não deixam resíduos tóxicos na fazenda, nas águas e no solo. Este tipo de segurança traz ao produtor rural benefícios e qualidade de vida para ele e para seus funcionários, bem como para os consumidores dos produtos provenientes da agricultura.
Quais os tipos de organismos utilizados no controle biológico de pragas e doenças?
O modo de atuação dos organismos vivos utilizados na agricultura para o controle biológico de pragas e doenças podem ser diferentes.
Predadores
Este tipo de organismo vivo devora outros seres vivos para se alimentarem e tem mostrado alta eficiência em diversas culturas.
Um exemplo de controle biológico por meio de predadores é a joaninha Cryptolaemus montrouzieri, predadora natural de algumas espécies de pulgões.
Parasitoides
Estes seres vivos, como o seu próprio nome diz, tem o modo de ação parasitando outros seres vivos. Em alguns casos os parasitoides impossibilitam a praga de chegar à fase reprodutiva, diminuindo o nível populacional do patógeno na lavoura. Já em outros casos o efeito de parasitoides é letal para o alvo.
Exemplo disso é a utilização de Trichogramma e Cotesia para o controle de pragas na cana-de-açúcar.
Patógenos
A utilização de patógenos benéficos para o controle de doenças e namatoides está atrelada principalmente ao uso de microorganismos na agricultura.
Exemplo disso é o controle biológico de Fusarium, com a utilização do fungo Trichoderma.
O mercado de Controle Biológico
Por se tratar de uma ferramenta que vem conquistando o produtor rural devido a sua eficiência no campo, a expressividade do mercado de controle biológico apresenta um crescimento de 17% em comparação ao ano passado, faturando cerca de US$ 3,8 bilhões em todo o mundo (MAPA, 2018).
Em comparação, o mercado convencional de defensivos agroquímicos tem mostrado certa estagnação, com uma queda global de 6% em sua produção, totalizando um faturamento de US$ 64 bilhões em 2018.
No Brasil o crescimento na produção de biodefensivos não é diferente. No ano passado, movimentamos cerca de US$ 164,9 milhões na comercialização de defensivos, segundo a consultoria Agribusiness Inteligence/Informa.
Segundo a Dunham Trimmer – Internation Bio Intelligence, em 2020 espera-se que o setor de biológico fature no mundo todo US$ 5 bilhões e que em 2025 o mercado gire US$ 11 bilhões.
Concluímos que a utilização de biodefensivos vem cada vez mais mostrando eficiência no campo, trazendo maior sustentabilidade ao setor do agronegócio. Esta sustentabilidade está atrelada à segurança no manejo dos produtos biológicos, garantia à segurança alimentar, o equilíbrio da microbiota do solo e por fim o aumento de produtividade.
Leonardo é formado em Administração com ênfase em Agronegócios pela Universidade Estadual Paulista – “Júlio de Mesquita Filho”. Atualmente é aluno do MBA de Agronegócios da ESALQ/USP. Trabalha como Analista de Operações da Gênica – Inovação Biotecnológica.
Boa Tarde ! Ótimo trabalho, mas em nenhum momento citou os Baculovirus, que hoje são uma importante ferramenta microbiológica no manejo de lagartas! Grande abraço
Olá Caio!
Estamos preparando um texto sobre Baculovirus, que deve sair em setembro/outubro!
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Obrigado e bom final de semana! 🙂