Macrophomina phaseolina – O que você precisa saber sobre essa doença?

No texto abaixo escrito pelo blog AgroInovadores, você encontrará conteúdo para que você consiga identificar a incidência de Macrophomina phaseolina na sua lavoura e o que você precisa saber para combatê-la.

Índice

O que é a Macrophomina?

Dentre as principais doenças que fazem parte do contexto das doenças de solo em áreas agrícolas, destacamos a Podridão-cinzenta da raiz e haste. Conforme ALMEIDA et al., (2001) o agente causal desta doença é o fungo Macrophomina phaseolina sendo um fitopatógeno encontrado naturalmente nos solos nativos e áreas agricultáveis no país. Devido ao agente causal da doença, temos o termo Macrophomina relacionado a presença desta doença de solo nas culturas implantadas.

A Macrophomina infecta centenas de espécies vegetais, principalmente milho, sorgo, amendoim, feijão, girassol, soja e algodão.

Com base nessas informações, concluímos que sua presença está distribuída por toda área agrícola, sendo destaque em algumas safras em regiões que possuem condições ideais para seu desenvolvimento.

O impacto econômico da Macrophomina phaseolina

A Macrophomina phaseolina tem apresentado um potencial de dano elevado nos sistemas de produção presente na maioria das áreas agrícolas. Este alto potencial deve-se às características do patógeno quanto a diversidade de culturas alvo (polífago), seu desenvolvimento em restos culturais e a sobrevivência no solo por meio de estruturas de resistência. Segundo estudos realizados por Dhingra e Sinclair (1978) concluíram que esta longevidade em condições adversas pode chegar a três anos no solo.

Ciclo de vida da Macrophomina phaseolina

Essa característica de sobrevivência no solo ocorre devido a presença de microescleródios que garantem uma adaptação do fungo nos diversos ambientes de produção.

ciclo de vida - Macrophomina phaseolina - O que você precisa saber sobre essa doença?

Qual impacto na produtividade causado pela Macrophomina phaseolina?

Os danos causados por este patógeno possuem grande relevância econômica na agricultura envolvendo grandes perdas em volumes de produção mundial, segundo HARTMAN, (2015) estas perdas acarretam uma redução de produtividade devido a Macrophomina phaseolina, na casa de 2 milhões de toneladas de grãos quando incluímos o Brasil, Argentina e Estados Unidos. Outro estudo realizado por Ferreira et al. (s.d.), em situações que há um favorecimento do fungo no Brasil – sendo a presença de solo com elevadas temperaturas e baixa umidade – podemos chegar a perdas de até 50% em algumas cultivares de soja analisadas no norte do estado do Paraná.

Esta doença impacta diretamente na emergência das culturas, tendo impacto negativo desde a estabilização das populações quanto na produtividade de colheita. Com isso, o investimento de insumos dos produtores acaba sendo ineficiente como também a redução em produtividade acaba onerando a rentabilidade do produtor.

Como identificar Macrophomina phaseolina no campo?

As regiões com maior incidência e consequente perda de produtividade encontram-se em locais com histórico de déficit hídrico (veranicos), elevadas temperaturas do solo e em casos de talhões compactados onde o menor volume de raiz sofre consequente maiores danos do fungo. A presença do fungo nas áreas acarreta uma redução no “stand” de plantas, resultando em um comportamento chamado de “dumping-off” ou tombamento. Esta perda de “stand” afeta diretamente o potencial produtivo das culturas, sendo que a redução de plantas por metro linear afeta expressivamente o número de plantas a ser colhido.

A forma de entrada do fungo na planta começa em sua estrutura radicular, prejudicando diretamente absorção de água e nutrientes. Na progressão da doença o avanço segue para o caule afetando vasos condutores e acarretando o tombamento. Os sintomas na emergência da planta são de lesões com coloração marrom-escura, na região do colo. No início das infecções os sintomas aparecem em reboleiras ou em linha dependendo da distribuição dos microescleródios nos talhões (Figura 02).

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Figura 02, tirada por Rodrigo Avelino

As lesões de Macrophomina não possuem aspecto profundo no tecido vegetal nem estrangulamento do hipocótilo da planta, como no caso de outras doenças. Com avanço da cultura, em específico no florescimento, temos um amarelecimento das folhas seguido de murcha foliar. Já na formação de vagens ocorre um amarelecimento das folhas e vagens lembrando a senescência da cultura (Figura 03).

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Figura 03. Fonte: Rodrigo Avelino

Nas raízes o ataque apresenta uma característica de epiderme solta expondo algumas pontuações pretas que são os microescleródios (Figura 04).

Outro fator característico da doença são os micélios do fungo apresentando um aspecto cotonoso e escuro (Figura 05).

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Figura 04. Fonte: Rodrigo Avelino
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Figura 05. Fonte: Rodrigo Avelino

Dentro dos manejos fitossanitários, a  Macrophomina era considerada uma doença secundária, pontualmente presente em alguns focos agrícolas no país. Contudo, na safra 18/19 podemos constatar um aumento representativo das áreas relatadas com esta doença e uma necessidade de controle manejos visando o fitopatógeno.

Quais as recomendações para o controle da Macrophomina phaseolina?

Nas recomendações de controle da podridão-cinzenta da raiz e do caule temos como base para uma boa eficiência na redução destes fungos as práticas do manejo integrado de doenças (MID). Dentre essas práticas, os manejos para redução da Macrophomina phaseolina estão no aumento dos teores de matéria orgânica, utilização de moléculas químicas, descompactação do solo e principalmente a utilização do controle biológico por meio de fungos do gênero Trichoderma spp por exemplo.  Existem também outros microrganismos apresentando bons resultados de controle da doença como as bactérias do gênero Bacillus spp.

Com relação ao antagonismo das espécies de Trichoderma spp nesta doença de solo pode ocorrer de diversas formas, dentre elas a  principal acontece por ação direta ao fitopatógeno hiperparasitando-o. Há uma produção de enzimas líticas agindo na degradação da parede celular dos fungos resultando em hiperparasitismo, tanto dos microescleródios (resistência), quanto nos micélios presentes no solo (KUMAR et al., 2012)

Como citado anteriormente, esta doença possui característica polífaga, inviabilizando a rotação de cultura como um método eficiente de controle, pois seu desenvolvimento não será interrompido por outra cultura.

A utilização do controle biológico alocado as práticas do MID, oferece um resultado sólido e consistente na redução desta doença de solo. Conclui-se também no controle biológico uma segurança eficiente e sustentável no residual de ação sobre o fitopatógeno. No complexo de doenças de solo, o equilíbrio microbiológico presente no ambiente é essencial, sendo que a utilização de produtos seletivos ao fitopatógeno e menos agressivos ao ambiente fazem parte do manejo.

Confira na tabela abaixo características chave das principais doenças de solo:

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Referências

ALMEIDA, Álvaro Manuel Rodrigues et alMacrophomina phaseolina em soja. Londrina, PR, 2014. Disponível em: https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/989352/1/Doc.346OL.pdf. Acesso em: 13 jun. 2019.

ARAUJO, Alyson SIlva. BIOCHAR E Trichoderma harzianum NO CONTROLE DE Macrophomina phaseolina. 2018. Tese (Mestrado em Engenharia Agronômica) – Universidade de Brasília, Brasília-DF, 2018. Disponível em: http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/32072/1/2018_AlysonSilvadeAraujo.pdf. Acesso em: 27 jun. 2019.

GALINDO, Giannina Isabella Espinoza. Variabilidad de aislamientos de macrophomina phaseolina (tassi) goid. Colectados desde viveros y plantaciones de pinus radiata d. Don en la region del biobio. 2015. Trabalho de conclusão de curso (Bacharelado em Ciências Florestais) – Universidad de Concepción, Chile, 2015. Disponível em: http://repositorio.udec.cl/bitstream/handle/11594/1866/Tesis%20_Variabilidad_de_aislamientos_de_Macrophomina.Image.Marked.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 2 jul. 2019.

MENEZES, Maria et al. BIOCONTROLE DE Macrophomina phaseolina COM ESPÉCIES DE Trichoderma APLICADAS NO TRATAMENTO DE SEMENTES DE FEIJÃO E NO SOLO. In: ACADEMIA PERNAMBUCANA DE CIÊNCIA AGRONÔMICA, 2004, Recife. Anais […]. Academia Pernambucana de Ciência Agronômica: [s. n.], 2004. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/33892/1/AAPCA-V1-Artigo-02.pdf. Acesso em: 26 jun. 2019.

NASCIMENTO, Selma Rogéria Carvalho et al. Sobrevivência de estrutura de resistência. Sobrevivência de estrutura de resistência de Macrophomina phaseolina e Sclerotium rolfsii em solo tratado biologicamente, Roraima – RR, 2016. Disponível em: http://www.agroambiente.ufrr.br/. Acesso em: 20 jun. 2019.

SANTOS, Paula Leite. Manejo de macrophomina phaseolina (tassi) goid. Em sementes de feijoeiro (phaseolus vulgaris l.) Com óleos essenciais e antagonistas. 2018. Tese (Doutorado em Engenharia agronômica) – Faculdade de Ciências agrárias, Botucatu, 2018. Disponível em: https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/154999/santos_pl_dr_botfca.pdf?sequence=3&isAllowed=y. Acesso em: 13 jun. 2019.

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Um pensamento em “Macrophomina phaseolina – O que você precisa saber sobre essa doença?

  1. A Macrophomina vêm se comportando como um dos fungos de solo com maior potencial de percas para agricultura, primeiramente em função da diversidade de plantas hospedeiras, seguido pela sua capacidade de adaptação ao meio, severidade e por fim, da dificuldade de identificação, uma vez que seu sintoma é expressado principalmente na fase final da cultura, sendo confundido, sem análise profunda, com o processo de senescência natural da planta.

    Aqui em Tocantins esta doença é citada por especialistas, como uma das três doenças de maior importância econômica para a cultura da soja. O estado sofre com este problema principalmente pela dificuldade de incremento de matéria orgânica, solos ainda em processo de correção, elevada temperatura e frequência de veranicos.

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