Diversas ferramentas podem trazer mais produtividade para o cultivo da cana-de-açúcar e uma delas é a adubação foliar. Nesta técnica, a aplicação de micronutrientes (boro, cobre, manganês, ferro, molibdênio, magnésio, zinco) ou macronutrientes (nitrogênio, fósforo e potássio) ocorre diretamente sobre as folhas da planta durante o período de maior desenvolvimento vegetativo.
No primeiro artigo da Série Cana, vamos conhecer cinco informações relevantes que você precisa saber sobre adubação foliar na cana-de-açúcar.
Índice
1. Na adubação em cana-de-açúcar os nutrientes não são absorvidos apenas pelas raízes mas também pelos estômatos.
Quando aplicada via solo os nutrientes são absorvidos pelas raízes.
Quando a aplicação é foliar a absorção é feita pelos estômatos.
Os estômatos são estruturas presentes nas folhas responsáveis pela transpiração da planta.
Quando os estômatos se abrem, ocorre uma pressão negativa para dentro das folha, que permite que a solução nutritiva que está em volta entre para a folha de forma rápida e eficiente.
2. Maior eficiência de absorção
Quando os nutrientes são aplicados no solo, estes podem ser facilmente perdidos por processos como imobilização, lixiviação e volatilização diminuindo sua disponibilidade para as plantas.
A adubação foliar corrige as deficiências de nutrientes, servindo como complemento para a adubação via solo.
A tabela abaixo mostra a rapidez com que os micronutrientes são absorvidos pela planta, após aplicação de adubo foliar.
Fonte: Rosolem, 1986.
3. Micronutrientes na adubação em cana-de-açúcar podem salvar sua produtividade
Quando a adubação de um cultivo é planejada, os primeiros nutrientes calculados são nitrogênio, fósforo e potássio. E sim estes são fundamentais, mas os micronutrientes são bastante relevantes na produção por atuarem em áreas específicas das plantas.
Veja abaixo, a importância de alguns micronutrientes para o cultivo da cana:
Boro: É responsável pela formação de raízes absorventes, transporta de açúcares através das membranas, realiza a síntese de ácidos nucleicos (DNA e RNA) e fitohormônios, auxilia na formação da parede celular e crescimento da planta.
Cobre: Aumenta a absorção de água, auxilia na produção de DNA e RNA da planta favorecendo seu desenvolvimento, auxilia na resistência de doenças.
Manganês: Auxilia na fotossíntese, formação de enzimas de crescimento e resistência a doenças.
Ferro: Auxilia o melhor metabolismo da planta.
Molibdênio: É fundamental para fixação biológica do nitrogênio.
Estas informações mostram o quão importantes os micronutrientes são para as plantas, ou seja, é fundamental realizar sua aplicação da forma correta, aumentando a possibilidade de absorção pela planta.
Fonte: Dr. Godofredo Cesar Vitti
4. Precisa ser aplicada na época correta
No caso da cana-de-açúcar, a aplicação foliar deve ser realizada entre novembro e fevereiro. Neste momento do calendário agrícola, temos um restabelecimento hídrico e com isso uma alta atividade fisiológica (fotossíntese) na planta, aumento assim a eficiência de absorção e assimilação dos nutrientes.
Nesta época, a planta está em pleno desenvolvimento foliar, com produção constante de folhas e necessita dos micronutrientes para aumentar seu vigor. Por isso, neste período, as plantas assimilam os nutrientes mais rapidamente e aumentam a produtividade.
Quanto mais jovem a folha, maior a absorção de nutrientes, por isso aplicação deve ser direcionada para estas.
Além disso, quando jovem, a cutícula da folha apresenta maior número de estômatos e presença de pilosidade, que aumentam a superfície de contato para absorção.
5. E por último, aumenta a produtividade da cana-de-açúcar
A adubação foliar pode elevar os ganhos da produtividade na cana em mais de 10%, pois além de corrigir a deficiência de nutrientes, aumenta o sistema radicular da planta.
Isso permite que a planta fique mais resistente para competir com plantas invasoras e resistir ao ataque de pragas e doenças.
Referências
Vitti, G.C., Mazza, J.A. Planejamento, estratégias de manejo e nutrição da cultura de cana-de-açúcar. Piracicaba: POTAFOS, 2002. 16p.
