Solos Supressivos e doenças de solo

Nos solos supressivos, mesmo na presença do patógeno e do hospedeiro suscetível no mesmo ambiente, a doença ocorre em baixa incidência. As doenças de solo tem sido um grande problema nos sistemas de produção intensivos, principalmente no cerrado brasileiro, devido a adoção de práticas que afetam tanto a biologia do solo, quanto as condições físicas e químicas. Dentre os patógenos causadores das doenças de solo, destacam-se a Rhizoctonia solani, Macrophomina phaseolina, Fusarium spp, Pythium spp, Sclerotinia sclerotiorum, Meloidogyne javanica, Meloidogyne incognita, Heterodera glycines e Pratylenchus brachyurus.

Acompanhe este artigo e entenda como os solos supressivos podem ajudar a alcançar altas produtividades na lavoura.

Índice

Fatores que influenciam a ocorrência de doenças de solo

A ocorrência de determinada doença de solo é influenciada pelo patógeno, hospedeiro e ambiente solo (Figura 1). Das características do patógeno, o tipo de patógeno, a sua virulência, gama de hospedeiros, potencial de dispersão e variabilidade. No caso do hospedeiro, a fase fenológica da planta, suscetibilidade frente ao patógeno e uniformidade, são os fatores que influenciam a ocorrência da doença. Já no ambiente solo, os atributos físicos e químicos irão influenciar determinada doença ocorrer (JAYARAMAN et al. 2021).

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Figura 1: Fatores que influenciam a ocorrência de doenças de solo.
Fonte: Adaptado de Jayaraman et al (2021).

O que são solos supressivos?

O que irá ditar se em um ambiente, determinada doença de solo irá ocorrer é a supressividade desse solo. A supressividade do solo está relacionada ao conceito de solos supressivos, que são solos nos quais determinada doença ocorre em uma baixa incidência, mesmo na presença do patógeno e do hospedeiro suscetível no mesmo ambiente. Já os solos em que há elevada incidência de determinada doença, são conhecidos como solos conducentes (MAZZOLA, 2007; SIEGEL-HERTZ et al. 2018; JAYARAMAN et al. 2021).

A supressividade do solo a determinado patógeno acontece pela não adaptação do patógeno no solo, assim como a falha desse patógeno em causar a doença mesmo após o seu estabelecimento e pela diminuição da severidade da doença ao longo tempo (BETTIOL & GHINI, 2005). A natureza dessa supressividade pode ser tanto biótica, quanto abiótica.

A natureza biótica depende da diversidade de organismos (bactérias, fungos, protozoários, insetos e minhocas) existentes no solo, na qual é influenciada principalmente pelos microrganismos do solo (microbioma do solo).

Quanto maior a diversidade de microrganismos antagonistas no solo, maior a diversidade de modos de ação existentes (Figura 2), de forma que no mesmo ambiente podemos ter uma elevada competição por espaço e nutrientes entre os microrganismos antagonistas e patógenos, assim como alta antibiose, parasitismo e indução de resistência ocorrendo (JAYARAMAN et al. 2021).

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Figura 2: Modos de ação de microrganismos antagonistas e patógenos de solo.
Fonte: Adaptado de Jayaraman et al (2021).

No caso da natureza abiótica, a supressividade do solo é influenciada pelo teor de argila (influência a drenagem do solo), estrutura do solo, teor de matéria orgânica, temperatura do solo, aeração do solo, pH, teor de alumínio, macro e micronutrientes (BETTIOL & GHINI, 2005).

Esses fatores abióticos influenciam tanto a planta (hospedeiro), proporcionando um ambiente mais ou menos favorável para ela se defender do ataque de diferentes patógenos, quanto os microrganismos do solo através do fornecimento de alimento e um ambiente propício para que diferentes populações de microrganismos cresçam (JAYARAMAN et al. 2021). Os diferentes fatores abióticos e seus respectivos efeitos na supressividade do solo, são apresentados na Figura 3.

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Figura 3: Efeitos da temperatura, dos atributos físicos e químicos do solo na supressividade do solo.
Fonte: Adaptado de Jayaraman et al (2021).

Como tornar um solo supressivo?

Sabendo da importância de um solo supressivo para os sistemas produtivos intensivos do cerrado brasileiro, temos como principais ferramentas para transformar um solo conducente em supressivo, a rotação de culturas (aumentando a diversidade de alimentos para a microbiota do solo), o aporte de material orgânico no solo (utilização de fertilizantes orgânicos e/ou culturas com elevado aporte de carbono) e a introdução massal de microrganismos (BETTIOL & GHINI, 2005). Sendo a introdução massal de microrganismos realizada através do uso de bioprodutos com elevada diversidade microbiana.

Portanto os problemas com as doenças de solo só serão mitigados através da construção de solos supressivos, que dependem de investimentos tanto em fatores abióticos quanto bióticos, visando se ter uma atividade agrícola economicamente, ambientalmente e socialmente sustentável.

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