Baculovírus: como esse bioinseticida pode mudar sua visão do controle de lagartas

Bioinseticidas à base de baculovírus são altamente recomendados para o manejo de lagartas em diversos cultivos agrícolas como milho, soja, algodão e hortaliças. É um produto seguro, que se alia à facilidade de manuseio e controle eficiente. Por isso, é considerado um dos melhores agentes biológicos de controle encontrados no mercado.

Hoje, vamos conhecer esse produto biológico que pode ser um grande diferencial na sua safra. Nesse artigo, separamos as principais informações sobre baculovírus. Nosso objetivo é que você utilize material sempre que tiver dúvidas sobre o manejo desse bioinseticida. 

Índice

O que é o baculovírus?

São vírus de DNA de fita dupla que possuem uma ou mais partículas que se encontram fora da célula hospedeira. Considerados importantes agentes de controle biológico atuam diretamente no controle de lagartas pragas. Não causam danos à saúde dos aplicadores, não atingem inimigos naturais, não contaminam o meio ambiente e não deixam resíduos nos alimentos.

O baculovírus apresenta uma característica única dentre os vírus estudados. Sua forma, possui duas formas de ser visualizada:

  • Quando estão dentro da célula hospedeira:

Em forma de bastonete, quando está ativa na transmissão do vírus dentro do corpo da praga. Também é a forma responsável pela transmissão do vírus para demais espécies de insetos pragas. 

  • Quando estão fora da célula hospedeira:

O vírus adquire uma forma mais “arredondada”, conhecida como BV (budded virus). Nessa fase, o vírus não está ativo na infecção das pragas.

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Estrutura de um baculovírus vista por microscopia eletrônica. Na imagem da esquerda é possível observar o formato extracelular. Na forma da direita, a partícula infecciosa em forma de bastonete.
Fonte: Yan Fusheng

Quais são os alvos do baculovírus?

O principal alvo do baculovírus são espécies de lagartas. Mas é importante salientar que, assim como outros bioinseticidas, seu espectro de ação é limitado a algumas pragas. Para controle das espécies, pode ser utilizado diretamente na pulverização ou em sistemas de irrigação com excelentes resultados de controle.

As principais espécies controladas pelo baculovírus são:

  • Spodoptera frugiperda (Lagarta-do-cartucho);
  • Anticarsia gemmatalis (Lagarta da soja);
  • Helicoverpa zea (Lagarta-da-espiga);
  • Chrysodeixis includens (Lagarta falsa-medideira);
  • Helicoverpa armigera;

O baculovírus pode ser utilizado em cultivos como soja, milho, algodão e em todos que apresentarem as pragas alvo citadas acima. 

Qual o modo de ação?

O modo de ação ocorre através da ingestão das partículas infecciosas do vírus. Após as partículas serem pulverizadas nas plantas, as lagartas fazem a ingestão do vírus que se encontra na superfície. 

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Quando o vírus chega no intestino médio é submetido ao pH alcalino e inicia a liberação de vírions (forma infecciosa do vírus) no intestino. As partículas infecciosas entram nas células da parede intestinal e causam infecção generalizada no inseto.

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Ciclo do baculovírus ao infectar lagartas.
Fonte: Divulgação – Mais Soja.

Os sintomas da infecção podem ser observados cerca de quatro dias após consumir as folhas infectadas. As lagartas apresentam perda de cor, perda de apetite, subida ao dossel das plantas e lentidão na movimentação.

 A morte ocorre em cerca de sete dias e causa o apodrecimento da lagarta. Além disso, seu corpo se rompe e libera partículas virais sobre as plantas. Dessa forma, um novo ciclo de contaminação é iniciado, se perpetuando até o término do ciclo da cultura. 

image 2 - Baculovírus: como esse bioinseticida pode mudar sua visão do controle de lagartas
Lagarta morta por baculovírus.
Fonte: Deconchard H. (INRA)

Recomendações no uso do baculovírus

Algumas recomendações devem ser seguidas para que o baculovírus atinja sua máxima eficiência. Selecionamos algumas, para que o produtor tenha assertividade no manejo:

  • A aplicação deve ser realizada quando as lagartas estiverem pequenas e no início de seu desenvolvimento. Quanto mais desenvolvidas ficam, mais difícil é o manejo.
  • O produto deve ser aplicado quando forem registradas 20 lagartas pequenas (até 1,5 cm) por metro linear. Ou 40 lagartas pequenas por pano de batida.
  • Fazer uso do espalhante adesivo junto com o produto. Dessa forma, a aderência e distribuição do vírus serão otimizados.
  • As pulverizações devem ser realizadas em horários com menor incidência de sol 3 temperaturas amenas. 
  • O armazenamento do produto deve ser realizado em locais sem incidência de luz solar direta, sem umidade e em temperatura amena.
  • É fundamental seguir as recomendações contidas na bula do produto.
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Conclusão

Nesse material conhecemos as principais características, pragas alvo, modo de ação e método de controle do baculovírus. As vantagens do uso desse vírus no controle de pragas são inúmeras, como redução de custos, segurança na aplicação, preservação dos inimigos naturais e eficiência comprovada no controle. 

Busque inserir o controle de pragas através do baculovírus no seu cultivo. Além de garantir uma produção eficiente contribuirá para uma agricultura mais regenerativa.

Referências

Castro, M. E. B.; Souza, M. L.; Sihler, W.; Rodrigues, J. C. M.; Ribeiro, B. M.; BIOLOGIA MOLECULAR DE BACULOVÍRUS E SEU USO NO CONTROLE BIOLÓGICO DE PRAGAS NO BRASIL. Out de 1999. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/pab/v34n10/7175.pdf.

Gloor, J. V. S. ;  Lopes, E. C. ;  Ferreira, L. A. I. ;  Rigon, F. A. ;  Casaroto Filho, J. V. ;  Sitta, R. B. ;  Hermel, A. O. ;  Roggia, S. 2017. Compatibility of baculovírus of the false-moth caterpillar (ChinSNPV) with azadirachtin. XII Jornada Acadêmica da Embrapa Soja, Londrina, PR. Documentos – Embrapa Soja, No.391 pp.90-100 ref.11

SILVA. C.C.A.da. Aspectos do sistema imunológico dos insetos. Revista Biotecnologia Ciência & Desenvolvimento, v. 24, p. 68-72, 2002.

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