A cultura do trigo está presente em diferentes locais de produção. O cereal pode ser cultivado em condições climáticas diversas, facilitando o acesso aos meios de produção. Mas, como qualquer outro cultivo sofre com o trigo sofre com a presença de pragas.
Você conhece quais as principais espécies que atacam esse cultivo? Conhecê-las pode salvar sua produção e garantir a produtividade. Confira neste artigo tudo sobre as principais espécies praga que atuam no cultivo do trigo.
Caso você não saiba, publicamos recentemente um artigo sobre doenças no trigo. Confira!
Índice
Pragas do trigo: Pulgões
Existem várias espécies de afídeos (pulgões) que ocorrem na cultura do trigo. São consideradas pragas primárias da cultura e podem impactar de forma severa a produtividade. As principais espécies são: pulgão-verde-dos-cereais (Schizaphis graminum); pulgão-do-colmo-do-trigo ou pulgão-da-aveia (Rhopalosiphum padi); pulgão-da-folha-do-trigo (Metopolohium dirhodum); pulgão-da-espiga-do-trigo (Sitobioin avenae); pulgão-preto-dos-cereais (Sipha maydis); pulgão-do-milho (Rhopalosiphum maidis).
Na imagem podemos observar as principais espécies de pulgão pragas do trigo: (a) pulgão-verde-dos-cereais; (b) pulgão-do-colmo-do-trigo; (c) pulgão-da-folha-do-trigo; (d) pulgão-da-espiga-do-trigo; (e) pulgão-preto-dos-cereais; (f) pulgão-do-milho. Fotos: Paulo Roberto Valle da Silva Pereira
Os danos ocorrem principalmente através da sucção da seiva, que impacta o rendimento dos grãos. Mas o dano mais perigoso é o que ocorre indiretamente. Essas espécies de pulgões são vetores de vírus fitopatogênicos que causam doenças na planta. Um dos vírus mais conhecidos é o Barley yellow dwarf vírus (BYDV), que causa amarelecimento e até morte da planta de trigo.
Sintoma de virose em folha de trigo. Os pulgões são vetores de doenças na cultura.
Fotos: Divulgação Embrapa
Os pulgões são considerados pragas de início de ciclo. Se estabelecem no colo e nas folhas. Seu desenvolvimento é favorecido por temperaturas amenas (20 – 22ºC), períodos de estiagem e invernos secos e pouco rigorosos.
Inicialmente é importante realizar o monitoramento da área. Constatada a presença da praga, deve-se realizar o manejo de controle. O controle químico é realizado através da pulverização de piretroides e neonocotinoides. Já o controle biológico é realizado através da inserção no ambiente de parasitóides, predadores e bioinseticidas.
Pragas do trigo: Corós
Os corós constituem um problema expressivo em trigo, principalmente na região sul do país. Na fase larval vivem no solo e quando adultos são besouros. São insetos grandes que se alojam no solo a uma profundidade de cerca de 10 cm. As larvas apresentam corpo em forma de “C” e apresentam cor esbranquiçada.
É na fase larval que causam os principais danos, atacam sementes, raízes e plântulas. Em casos mais severos podem até puxar as plantas para dentro do solo. Um único coró é capaz de consumir em torno de duas plântulas de trigo em uma semana.
As infestações ocorrem em reboleiras e variam muito de um ano para o outro, devido ao ciclo reprodutivo das pragas, à mortalidade natural provocada por predadores e parasitóides e devido às condições climáticas. As espécies mais comuns são: coró-das-pastagens – Diloboderus abderus; e, coró-do-trigo (Phyllophaga triticophaga).
Coró-das-pastagens: (a) aspecto geral do macho; (b) aspecto geral da fêmea; (c) aspecto da larva do solo. Foto: Paulo Roberto Valle da Silva Pereira
Coró-do-trigo: (a) aspecto do insto adulto; (b) aspecto da larva de 3º instar. Fotos: Divulgação Embrapa
O método mais indicado para controle dos corós é o tratamento de sementes. Também é indicado inserir bioinsumos na aplicação de tratamento de sementes e sulcos de plantio. Também é importante conhecer o histórico de infestação de corós na região. Esses insetos podem permanecer no solo por mais tempo que o plantio do trigo. Dessa forma, podem infestar a próxima safra.
Pragas do trigo: Lagartas desfolhadoras
As espécies de lagartas mais frequentes na cultura do trigo são a Pseudaletia sequax e Spodoptera frugiperda. Inicialmente apresentam coloração verde e se tornam acinzentadas com listras claras e escuras ao longo do seu desenvolvimento. Ocorrem do espigamento até a colheita.
Para Pseudaletia sequaz os danos mais comuns estão associados à destruição de espiguetas ataque a folha bandeira e corte na base da espiga. Para Spodoptera frugiperda os danos se associam ao consumo de folhas e plântulas, atrasos no desenvolvimento e redução do estande das plantas.
Pseudaletia sequaz lagarta desfolhadora presente no cultivo de trigo.
Fotos: Divulgação Embrapa
Spodoptera frugiperda espécie que causa danos nas espigas de trigo.
Fotos: Divulgação Embrapa
As espécies de lagartas-do-trigo podem ocorrer na lavoura a partir do espigamento até a fase de maturação do trigo. Em locais com vegetação mais densa, ou com plantas acamadas, pode existir maior concentração de lagartas que podem atacar espigas, aristas e espiguetas. Em casos mais severos cortam a base da planta e causam seu tombamento.
Para controle recomenda-se realizar o monitoramento constante da presença e danos de lagartas na área. Como o ataque pode ser rápido, é recomendado que as amostragens sejam semanais. O controle pode ser químico, através do uso de inseticidas específicos para as espécies. Ou, biológico com uso de microbiológicos, predadores ou parasitóides. Manejando a área de forma correta, é possível intensificar a presença de inimigos naturais que irão atuar no controle biológico natural.
Monitoramento e nível de controle de lagartas no cultivo de trigo.
Fotos: Divulgação Embrapa
Pragas do trigo: Percevejos
As espécies mais comumente encontradas em trigo são os pertencentes ao gênero Dichelops, conhecidos como percevejo-barriga-verde: Dichelops furcatus e Dichelops melacanthus. O período crítico de ocorrência desta praga está voltado para o emborrachamento.
Dichelops furnocatus em espiga de trigo.
Foto: Divulgação Embrapa
Os principais sintomas de seu ataque são o atrofiamento das espigas, redução da altura e má formação das espigas, deixando-as sem grãos ou parcialmente formadas. Estudos indicam que a ocorrência adicional de 1 percevejo.m-2 reduz a produtividade em 52 kg.ha-1.
O gráfico acima mostra que quanto maior a ocorrência de percevejos na cultura do trigo, menor será sua produtividade.
Foto: CCGL Pesquisa e Tecnologia
Para controle dos percevejos é importante realizar o monitoramento nos períodos vegetativo e reprodutivo. De forma geral, o controle dessas espécies é realizado através do manejo químico. No entanto, produtos microbiológicos, assim como predadores e parasitoides contribuem para um controle eficiente. É importante optar pelo uso de inseticidas sistêmicos, para preservar os inimigos naturais da área.
Conclusão
Realizar o monitoramento de pragas do trigo é o primeiro passo para controlar as pragas de forma eficiente. Entretanto, não é possível realizar o monitoramento sem conhecer as pragas que atuam no cultivo. Compreender as características e danos de cada espécie é essencial para tomada de decisão. Vimos neste artigo que as principais pragas do cultivo do trigo são os corós, as lagartas, percevejos e pulgões. Fique atento à sua presença na lavoura e não erre no controle.
Referências
CCGL Pesquisa e tecnologia. Nível de dano do percevejo-barriga-verde em trigo. Boletim Técnico nº 56 CCGL.
Embrapa. REUNIÃO DA COMISSÃO BRASILEIRA DE PESQUISA DE TRIGO E TRITICALE, 12., 2018, Passo Fundo. 2018.
Embrapa. Trigo com maior população de pulgões na década. 2019.
Leonardo é formado em Administração com ênfase em Agronegócios pela Universidade Estadual Paulista – “Júlio de Mesquita Filho”. Atualmente é aluno do MBA de Agronegócios da ESALQ/USP. Trabalha como Analista de Operações da Gênica – Inovação Biotecnológica.