Broca da cana-de-açúcar: como controlar?

A cana-de-açúcar é uma das principais culturas produzidas no Brasil, e é produzida em todas as regiões do país. Mas, como qualquer cultivo é atacada por pragas e a principal e mais conhecida é a Diatraea sacharalis, conhecida como broca da cana-de-açúcar.

O controle biológico é uma ferramenta muito utilizada no manejo desta praga e apresenta diversos benefícios, como veremos a seguir.

Neste artigo, resumimos as principais informações que todo o produtor precisa saber o correto de uso de biológicos no combate da broca.

Para ler mais assuntos como este, acesse a Série Cana-de-Açúcar.

Índice

A broca da cana-de-açúcar

Apesar de ser chamada de broca, é na verdade uma lagarta, que apresenta o ciclo biológico de ovo, lagarta, pupa e adultos.

Durante a fase de lagarta, a espécie abre galerias no interior no colmo da planta, que resulta nos seguintes danos:

  • morte da gema apical; enraizamento aéreo;
  • podridão vermelha pela ação de microrganismos oportunistas, que usam o orifício de dano da lagarta para penetrarem no colmo.

Esses danos prejudicam diretamente a fabricação de açúcar e etanol. Em canaviais mais desenvolvidos, o ataque da broca da cana-de-açúcar pode resultar em redução severa da produtividade, ocasionada pela perda de peso do colmo, que devido ao ataque, ficam menores e mais finos, e podem secar e morrer.

Os ovos da praga são depositados na face superior das folhas, de forma agrupada e são bastante sensíveis ao ressecamento e umidade.

Quando recém eclodidas, as lagartas alimentam-se das folhas jovens da planta e da nervura central, fazendo pequenas galerias nas folhas.

Lagartas em estágio mais avançado, ficam protegidas dentro do colmo, o que dificulta o controle químico e se torna ineficiente.

Por isso, o controle biológico é o método mais utilizado. Vamos ver a seguir, quais são as ferramentas de controle biológico.

Controle biológico da broca da cana-de-açúcar com macrorganismos

Para controle da broca da cana-de-açúcar, os macrorganismos mais utilizados são a Cotesia flavipes e Trichogramma galloi, vamos conhecer as duas espécies e sua forma de uso a seguir:

Cotesia flavipes:

A vespa parasitoide de lagartas é um dos maiores casos de sucesso do controle da broca da cana-de-açúcar e é amplamente utilizada no Brasil. A espécie consegue localizar a broca e parasitá-la dentro do colmo.

O monitoramento da praga deve ser realizado manualmente, estabelecendo-se um nível de controle de 10 lagartas/hora-homem, cobrindo-se todas áreas afetadas pela lagarta.

Caso o monitoramento não seja realizado, deve-se liberar a vespa em áreas onde a intensidade de infestação tenha sido superior a 2% na colheita da safra anterior.

As liberações das vespas devem ser realizadas preferencialmente no final da tarde, e a recomendação é de 6.000 indivíduos/ha, quando 70 a 80% já tiverem emergidos nos copos de acondicionamento, liberando-os a cada 50 metros em posição horizontal, na bainha da cana.

Veja abaixo o ciclo da vespa e como realizar o monitoramento.

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Fig.1: Ciclo da broca da cana-de-açúcar (Diatraea saccharalis) e ciclo da vespa (Cotesia flavipes).
Fonte: Jalles Machado
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Fig.2: Esquema para amostragem da broca da cana-de-açúcar na lavoura.
Fonte: Centro de Tecnologia Canavieira – CTC

Trichogramma galloi:

A microvespa parasita ovos da broca da cana-de-açúcar, e já é amplamente utilizada em áreas de produção de cana. A recomendação é liberar o equivalente a 200.00 parasitoides/ha, dividida em até 4 aplicações.

As liberações devem ser realizadas em pelo menos 25 pontos por ha em intervalos de 7 dias.

Quando chegam na propriedade, o agricultor precisa liberar o material no campo em até 4 dias, pois é o período que os adultos da vespa começam emergir.

Veja abaixo o ciclo do parasitoide e como realizar a aplicação.

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Fig.3: Ciclo de desenvolvimento de Trichogramma galloi em ovos da broca da cana-de-açúcar
Fonte: Repositório Unesp
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Fig.4: Ação de Trichogramma galloi em campo.
Fonte: Globo rural

Os parasitoides devem ser liberados, de forma geral, entre as 6h e 7h da manhã, respeitando o período de atividade dos insetos.

Também é importante utilizar produtos fitossanitários que sejam seletivos aos parasitoides, para permitir que estes se desenvolvam no ambiente e continuem o processo de parasitismo.

Controle da broca da cana-de-açúcar com microrganismos

O uso dos fungos Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae também são indicados para o controle biológico da broca da cana-de-açúcar. Atuam em todos os estágios de desenvolvimento da praga sendo altamente eficientes na infecção de ovos de um a dois dias de idade.

Pesquisas na área mostram que estes microbiológicos são capazes de infectar 58% ou 44% da população de lagartas, no caso de M. anisopliae e B. bassiana respectivamente.

Referências

EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Circular Técnica 181 – Recomendações para obter um controle biológico mais eficaz da broca-da-cana-de-açúcar. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/71896/1/COT2012181.pdf>

EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Circular Técnica 214 – Perspectivas biotecnológicas no controle da broca-da-cana-de-açúcar Diatraea sacharalis. Disponível em: < https://www.abcbio.org.br/informativos/infotec/perspectivas-biotecnologicas-de-bacillus-thuringiensis-no-controle-biologico-da-broca-d-cana-de-acucar-diatraea-saccharalis/>

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