Mofo branco e sua importância agronômica

O mofo branco tem como agente etiológico o fungo Sclerotinia sclerotiorum (Lib.) de Bary, considerado um patógeno cosmopolita, distribuído em praticamente todos os continentes infectando centenas de espécies de plantas, englobando as de grande importância econômica como algodão, soja, feijão entre outras (Saharan & Mehta, 2008).

Apesar de estar presente em diversas regiões do planeta, epidemias de S. sclerotiorum estão associadas as zonas de clima temperado, regiões subtropicais ou ainda em regiões tropicais de altitude elevada, que oferecem condições de temperatura moderada e umidade que favorecem o desenvolvimento desse microrganismo. (Schwartz & Steadman, 1989).

O fungo S. sclerotiorum é necrotrófico, com estruturas de alta resistência, tornando-o um microrganismo com alta capacidade de sobrevivência, independente da presença de hospedeiros. Por envolver diferentes e eficientes mecanismos de infecção, nos últimos anos é considerado a principal doença em diferentes culturas de grande importância, como exemplo a soja. (Machado & Pozza, 2005).

Índice

Aspectos epidemiológicos do mofo branco

Uma forma de caracterização do fungo S. sclerotiorum, é pela presença das estruturas conhecidas como escleródios, que é composto por aglomerado de hifas com formas alongadas ou arredondadas e de grande resistência, possibilitando a sobrevivências entre as safras. Os escleródios podem sobreviver por até 11 anos no solo, mantendo intacto o poder de infecção. (Leite, 2005).

A principal forma de infecção das plantas de soja ocorre pelos ascosporos do fungo, que são produzidos nos apotécios, decorrentes da germinação carpogênica dos escleródios. Esses ascosporos colonizam preferencialmente as pétalas de soja, que servem de substrato para o fungo no início da infecção nas hastes e nos pecíolos (Grau & Hartman, 2015).

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Fonte: Agrios

Sintomatologia

A planta da soja infectada apresenta, inicialmente, lesões aquosas, de onde crescem hifas, formando abundante micélio branco, como aspecto cotonoso e cobrindo porções dos tecidos, o que caracteriza o nome da doença. Os tecidos atacados apodrecem em consequência da ação das diversas toxinas produzidas por S. sclerotiorum.

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Fonte: Meyer

Danos econômicos do mofo branco na cultura da soja.

De acordo com a Conab, na safra 2017/2018 a área plantada com soja foi de aproximadamente 35,1 milhões de hectares, como produção de 117 milhões de toneladas, colocando o Brasil como um dos principais produtores mundialmente. A estimativa de que 10 milhões de hectares da área cultivada de soja estejam infestados pelo fungo. (Meyer et al., 2018)

S. sclerotiorum em área de soja naturalmente infectada em 2010, revelaram níveis de incidência de 14 a 96% de mofo-branco (Junio, Brandão e Martins, 2013) e os níveis de danos aumentaram em todo o país, podendo reduzir a produtividade em até 70 % (Meyer et al., 2014).

Manejo integrado para o controle do mofo branco

O manejo do mofo branco deve ser realizado adotando diversas medidas de controle, para a redução das taxas de progressão do inóculo (escleródios), mantendo o nível abaixo do dano econômico (Embrapa, 2009). Dentro desse manejo, deve ser utilizadas sementes sadias com garantia de qualidade, tratamento de sementes com fungicidas, cobertura uniforme do solo com palhadas, rotação de culturas com plantas não hospedeiras, revolvimento do solo, controle químico, biológico dentre outros.

O uso de biodefensivos pra controle do mofo branco

Nos últimos anos, com os avanços nos estudos que comprovam a eficiência do uso de microrganismos benéficos capazes de parasitar os escleródios de S. sclerotiorum, reduzir a pressão de inóculo na área infestada, além, do desenvolvimento de novas tecnologias para produção e formulação de biodenfensivos, tem tornado essa alternativa como um dos carros chefe para o controle do patógeno, tendo destaque o uso de fungos do gênero Trichoderma ssp como ferramenta no manejo integrado da doença.

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Fonte: Grupo Cultivar

O produtor precisa estar antenado as várias práticas que compõem o manejo integrado de doenças, combinando diferentes maneiras para o controle eficiente do mofo branco, reduzindo a pressão do inóculo infectivo na área e possibilitando o incremento na produtividade em áreas com histórico de presença do patógeno.

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Referências

GRAU, C.R.; HARTMAN, G.L. Sclerotinia stem rot. In: HARTMAN, G. L.; RUPE, J. C.; SIKORA, E. J.; DOMIER, L. L.; DAVIS, J. A.; STEFFEY, K. L. Compendium of soybean diseases and pests. 5. ed. St. Paul, MN: American Phytopathological Society,. p.59-62, 2015.

LEITE, R. M. V. B. C. Ocorrência de doenças causadas por Sclerotinia sclerotiorum em girassol e soja. Londrina: Embrapa Soja, p.1-3(Comunicado Técnico, 76), 2005.

MACHADO, J.C.; POZZA, E.A. Razão e procedimentos para o estabeleciemnto de padrões de tolerânciaa patógenos em sementes. In: ZAMBOLIM, L. (Ed.). Sementes qualidade fitossanitária. Viçosa, MG: UFV, p.375-399, 2005

MEYER, M.C.; CAMPOS, H.D.; GODOY, C.V.; UTIAMADA, C.M. (Ed.). Ensaios cooperativos de controle químico de mofo branco na cultura da soja: safras 2009 a 2012. Londrina: Embrapa Soja, p.100 (Embrapa Soja. Documentos, 345), 2014.

MEYER, M.C et al. Eficiência de fungicidas para controle de mofo-branco (Sclerotinia sclerotiorum) em soja, na safra 2017/18. Circular 140, Londrina, 2018.

PARISI, J.J.D.; MEDINA, P.F.; MARTINS, M.C.; LOPES, P.V.L. Detecção de Sclerotinia sclerotiorum em sementes de feijão e soja, pelo método do rolo de germinação modificado. 2009. Artigo em Hypertexto. Disponível em: Acesso em: 27set. 2013

SAHARAN, G. S.; MEHTA, N. Sclerotinia Diseases of Crop Plants: Biology, Ecology and Disease Management. Springer, Berlin, Germany, 2008.

SCHWARTZ, H.F.; STEADMAN, J.R.WHITE MOLD. LN. SCHWARTZ, H.F.; PASTOR – CORRALES, M.A. . Bean Production problems in teh tropics. 2 Ed. Cali: CIAT,. p.739, 1989.

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